sábado, 9 de fevereiro de 2013

Não vamos ao Mineirão!

mineiraoQuando anunciaram a reinauguração do Velho-novo Mineirão, com pompa e circunstância, o populacho afeito às tardes esportivas bateram palmas e correram a cata de ingressos para o superclássico Cruzeiro x atlético, domingo PP. O ingresso mais barato custou 60 reais e os mais caros chegavam a mais de 200 reais. Com a proibição de estacionar nas vias próximas ao Estádio, as pessoas tiveram que abandonar seus veículos em locais ermos e distantes, obrigando os esportistas a caminhar mais de 1 km para chegar aos inúmeros portões, grande parte deles fechados, criando um tumulto e uma aglomeração perigosa de torcedores rivais. A exemplo de praças e outros espaços públicos de BH, são espaços cada vez menos públicos.

Quem estacionou dentro do estacionamento do Estádio tiveram que pagar 30 reais, os que pararam fora ficaram à mercê dos indesejáveis flanelinhas que sem dó nem piedade e muito menos responsabilidade, achacaram e extorquiram quem se dispusesse a deixar o veículo sob sua guarda. Quem conseguiu chegar a tempo e entrar no Estádio se deparou com todo tipo de problema, faltou água nos banheiros; os cadeirantes não tiveram acesso às cadeiras; não tinha comida nem bebida em grande parte dos bares; alguns sequer abriram suas portas que estavam lacradas pela burocracia que os impediu de funcionar; camarotes encharcados pelas águas da chuva do dia anterior; lugares marcados e numerados não foram respeitados; preços abusivos de água e refrigerantes e, o tradicional tropeirão virou tropeirinho e custa agora 12 reais o pratinho que cabe na palma da mão. A burrice impediu a venda de ingressos no Estádio e no final sobraram uns 10 mil ingressos; quem veio do interior para ver o jogo não pôde comprá-lo na última hora.

Muita gente simplesmente abandonou o Estádio no intervalo do jogo com a garganta seca e a paciência esgotada, alguns perderam a paciência já nas vias de acesso congestionadas pelo excesso de veículos somado à falta de preparação de um plano para o evento. Torcedores mostravam sua indignação nas redes de TV e de rádios que cobriam o evento, até pedaço de concreto que teria caído da cobertura apareceu nas mãos de um deles. Como se sabe é proibido levar rádios portáteis para o Estádio, no entanto, se podiam vender refrigerantes em lata, o que torna essa proibição inócua no sentido de coibir as pessoas de atirarem coisas no gramado; uma lata de refrigerante cheia pesa mais do que um radinho de pilhas.

As reclamações parecem ter surtido algum efeito quando vimos o governador Anastasia anunciando a multa a que a Minas Arena (gestora do Estádio) estava sujeita, mas, não se sabe se esta multa será paga, a exemplo de outras multas aplicadas a empresas por desrespeito à lei. Essa coisa de transformarem os esportes em negócios pura e simplesmente não poderia dar em outra coisa, o interesse deles é somente financeiro e o resto que se dane. Acho que o glamour e a beleza dos esportes começaram a se perder lá pela década de 70, depois disso a coisa foi se transformando e virou esse Frankstein que vemos hoje. Estádios agora se chamam arenas e se tornaram campos de batalha onde a cada dia vemos a expressão do racismo e da violência se avolumam, torcedores criminosos e absurdos de todos os matizes são cometidos em nome da paixão pelos clubes.

De resto cabe aqui aplaudir o comportamento das torcidas, comportaram-se muito bem, parecem ter sido os únicos a cumprir seu papel no evento. Eu não irei ao Mineirão nem na Copa de 2014 como gostaria de levar meu filho de 10 anos para assistir a um evento que pelo visto não acontecerá outra vez tão cedo em terras brasileiras, não me sentiria seguro e, a perspectiva de fracasso ronda a nossa porta, com a mediocridade reinante hoje no futebol brasileiro, com a falta de organização e a violência que assola o ambiente, ficarei em casa e acho que o bom senso recomenda cautela e prefiro ficar com a lembrança de gostosas tardes esportivas quando o esporte era só lazer e entretenimento.

Nélio Agostinho Azevedo, Filho de Raul Soares

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os comentários são moderados e não serão aceitas mensagens consideradas inadequadas.