domingo, 15 de abril de 2012

Mazzaropi – O Eterno Jeca Tatu

Por Nélio Azevedo

MazzaropiNesse ano em que se comemora os 100 anos de nascimento do eterno Jeca Tatu, vivido pelo genial Mazzaropi, lá pelos idos anos das décadas de 60 e 70, em plena ditadura militar, sob forte censura, o ator, cantor, produtor e cineasta Amâncio Mazzaropi produzia seus filmes para o grande público brasileiro; cada filme era um sucesso de bilheteria que só seria superado pelos filmes do Renato Aragão e da Xuxa, com o auxílio do marketing da Televisão.

Mazzaropi nunca recorreu às verbas do Embrafilme, pagava tudo do seu próprio bolso e cada lançamento era esperado com ávida expectativa pelo público que lotava os cinemas desse Brasil imenso; chegou a colocar fiscais para coibir as falcatruas nas bilheterias, já que tinha uma parcela de lucro vinda delas.

Ao mostrar à cara do Brasil nas telas, num tempo em que éramos ingênuos, não a cara que o cinema novo queria mostrar, recebeu injustas críticas por parte daqueles que não viam nele um cineasta engajado, que não gritava contra a opressão e a censura. Hoje, esses mesmos detratores rendem homenagens a esse gênio que conseguiu imprimir sua marca e se eternizou na memória dos antigos e na ânsia dos mais novos, fazia um cinema carregado de humor e ironia, jogava na nossa cara um espelho que nos refletia tal e qual somos. Cada padre, prefeito, fazendeiro-coronel, cada praça ou motorista; cada torcedor e cada transeunte era a mais completa realidade de um povo que se movia socialmente do campo para a cidade e seus filmes retratavam essa locomoção com maestria e bondade, mostrava os desacertos de um povo sem cultura e sem educação que caminhava para o século 21, indo de encontro ao progresso tecnológico que nos remete ao futuro e ao primeiro mundo, com um pé no atraso do século 19.

Ao longo de seus 33 filmes são retratados um Brasil que hoje é usado como conteúdo de teses acadêmicas sobre a mobilidade social e o êxodo rural, as questões fundiárias e as questões sociais e políticas, principalmente no interior do país onde as estruturas de poder permanecem no atraso do coronelismo estampado num cenário que em nada difere da política café-com-leite dos anos 20 do século passado.

Viva Mazzaropi, o Eterno Jeca que trazemos em nós e que deveria ser motivo de orgulho.

7 comentários:

  1. Nélio,já estava te achando meio sumido e achei
    ótimo seu texto de hoje,concordo com você em
    tudo que escreveu,mas só gostaria de fazer uma
    ressalva,nem todo "JECA" é TATU",não viu,Raul que
    o diga......

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  2. Como se trata de cultura e o povo hoje em dia parece que não está muito interessado em adquirir, acredito que não haverão muitos comentários aqui a respeito do grande Amácio Mazzaroppi.

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    1. É não"haverão" mesmo, não"haverão!!!!!!!

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  3. Os filmes do "Jeca Tatu" foram feitos numa época em que não havia recursos tecnológicos e, muitas vezes, com atores e atrizes sem talento. Mesmo assim, o talento de Amácio Mazzaropi (o correto é Amácio e não Amâncio) torna seus filmes espetaculares. Mazzaropi era O ARTISTA.

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  4. É muito engraçado esta história de neguinho ficar
    falando que os outros não têm cultura,falando errado
    o que é pior...

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  5. Para quem considerou o "haverão" errado é só dar uma olhada na Conjugação do verbo no "FUTURO" DO "Modo Indicativo".
    Vou até dar uma forcinha: Basta ler esse link: http://www.priberam.pt/dlpo/Conjugar.aspx?pal=haver.

    É muito engraçado esta de neguinho falando que outros não tem cultura, e o mesmo neguinho constatar que realmente é isso mesmo. Vamos estudar um pouco minha gente.

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  6. Não sou professor de Português, mas o correto é "haverá muitos comentários", pois o verbo é impessoal quando empregado com o sentido de existir.
    Missitaus

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