Por Nélio Azevedo
Há algumas décadas, o cartunista Nilson, que é meu irmão há mais de 50 anos, ilustrou um caderno do CET – Centro de Estudos do Trabalho – em que o assunto educação era o principal; trazia na capa uma criança maltrapilha gritando que queria estudar, (eram tempos em que o Ministro da Educação era um Coronel) em primeiro plano, um General dizia em resposta: - Isto é falta de educação!
Eram tempos duros e difíceis para os educadores, para os alunos e, para os brasileiros em geral. Tínhamos menos estudantes universitários do que a Argentina e o México.
Nosso ensino só era melhor do que o do Haiti e outras republiquetas da América Central.
Ao que parece, nossa triste realidade não mudou muito, de acordo com a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – o Brasil ocupa a 36ª posição, entre os 36 países avaliados, no quesito, percentual de graduados na população de 25 a 64 anos; (dados de 2008).
Ao que parece a coisa melhorou um pouco em relação aos dois países usados na comparação acima, programas como o FIES e o PRÓ-UNI colocaram mais de 500 mil pessoas nas universidades, aumentando em muito a oferta de pessoal graduado ao insaciável mercado de trabalho.
Numa outra avaliação recente, as 500 melhores universidades do mundo apresentam as grandes e famosas Harvard, Yale, Ucla, MIT, San Diego, Sorbonne e outras mais do que conhecidas, dos EUA e da Europa, acompanhadas de Russas, Chinesas, Indianas, Coreana, como as melhores. A única brasileira mais bem colocada é a USP que aparece em 223º lugar. Uma verdadeira vergonha.
Enquanto vemos países como a Finlândia, a China, a Coréia e outros concorrentes nosso nos lugares de destaque no cenário mundial, alcançando os patamares mais altos, ficamos aqui a ver navios.
Em breve, quem não tiver cérebros e não tiver dinheiro para pagar a importação desse valioso produto, vai ficar para trás, não vai aparecer na foto.
A Índia forma hoje mais pessoas do que nos EUA, na Coréia, 58% da população entre 25 e 34 anos tem pelo menos um diploma universitário. Entre 55 e 64 anos são 12%.
No Brasil só 11% da população entre 25-64 anos tem curso superior, no Chile 24%, na Rússia, 54%.
Além de nossos diplomas não serem reconhecidos em vários países, brasileiros não conseguem visto de trabalho nas áreas em que formam, a não ser que sejam gênios.
Não faz parte da nossa cultura ver os filhos formados em um curso superior, da até para sentir o ranço que a elite dominante sente ao ver um negro ou pobre matriculado nos cursos mais valorizados, não tínhamos universidades federais na maioria dos Estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste; herdamos essa ignorância dos nossos patrícios portugueses que viram o mundo civilizado criar universidades por todos os cantos da Europa, até mesmo em colônias e, aqui era proibido estudar. Coisa de portugueses, que já tinham em terras Lusitanas a maravilhosa Universidade de Coimbra.
Acho que ficaremos a ver navios. Navios partindo de nossos portos com alimentos, soja, madeira, petróleo, café, minério de ferro e outras commodities, que irão dar emprego lá na China e ainda veremos esses mesmos navios chegarem abarrotados de contêineres lotados de bugigangas manufaturadas que darão empregos aos milhões em terras tão distantes.
Caro Nélio, acompanho suas escritas constantemente aqui pelo Blog do Pascoal e percebo a sua precisão em escrever sobre uma porção de erros que infelizmente permeam a nossa tão insossa sociedade brasileira. E hoje você vem a confirmar aquilo que pude constatar lendo 1808 e 1822 do Laurentino Gomes. A nossa herança portuguesa é um fardo que ainda carregaremos por várias gerações até que haja a tão esperada transformação. E, temos que ser otimistas, ela há de vir, torcemos então pelos nossos netos que deverão presencia-la.
ResponderExcluirhttp://gulp.com.br/404.html
ResponderExcluir