sábado, 23 de abril de 2011

Isto é Falta de Educação!

Por Nélio Azevedo

Há algumas décadas, o cartunista Nilson, que é meu irmão há mais de 50 anos, ilustrou um caderno do CET – Centro de Estudos do Trabalho – em que o assunto educação era o principal; trazia na capa uma criança maltrapilha gritando que queria estudar, (eram tempos em que o Ministro da Educação era um Coronel) em primeiro plano, um General dizia em resposta: - Isto é falta de educação!

Eram tempos duros e difíceis para os educadores, para os alunos e, para os brasileiros em geral. Tínhamos menos estudantes universitários do que a Argentina e o México.

Nosso ensino só era melhor do que o do Haiti e outras republiquetas da América Central.

Ao que parece, nossa triste realidade não mudou muito, de acordo com a OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – o Brasil ocupa a 36ª posição, entre os 36 países avaliados, no quesito, percentual de graduados na população de 25 a 64 anos; (dados de 2008).

Ao que parece a coisa melhorou um pouco em relação aos dois países usados na comparação acima, programas como o FIES e o PRÓ-UNI colocaram mais de 500 mil pessoas nas universidades, aumentando em muito a oferta de pessoal graduado ao insaciável mercado de trabalho.

Numa outra avaliação recente, as 500 melhores universidades do mundo apresentam as grandes e famosas Harvard, Yale, Ucla, MIT, San Diego, Sorbonne e outras mais do que conhecidas, dos EUA e da Europa, acompanhadas de Russas, Chinesas, Indianas, Coreana, como as melhores. A única brasileira mais bem colocada é a USP que aparece em 223º lugar. Uma verdadeira vergonha.

Enquanto vemos países como a Finlândia, a China, a Coréia e outros concorrentes nosso nos lugares de destaque no cenário mundial, alcançando os patamares mais altos, ficamos aqui a ver navios.

Em breve, quem não tiver cérebros e não tiver dinheiro para pagar a importação desse valioso produto, vai ficar para trás, não vai aparecer na foto.

A Índia forma hoje mais pessoas do que nos EUA, na Coréia, 58% da população entre 25 e 34 anos tem pelo menos um diploma universitário. Entre 55 e 64 anos são 12%.

No Brasil só 11% da população entre 25-64 anos tem curso superior, no Chile 24%, na Rússia, 54%.

Além de nossos diplomas não serem reconhecidos em vários países, brasileiros não conseguem visto de trabalho nas áreas em que formam, a não ser que sejam gênios.

Não faz parte da nossa cultura ver os filhos formados em um curso superior, da até para sentir o ranço que a elite dominante sente ao ver um negro ou pobre matriculado nos cursos mais valorizados, não tínhamos universidades federais na maioria dos Estados do Norte, Nordeste e Centro Oeste; herdamos essa ignorância dos nossos patrícios portugueses que viram o mundo civilizado criar universidades por todos os cantos da Europa, até mesmo em colônias e, aqui era proibido estudar. Coisa de portugueses, que já tinham em terras Lusitanas a maravilhosa Universidade de Coimbra.

Acho que ficaremos a ver navios. Navios partindo de nossos portos com alimentos, soja, madeira, petróleo, café, minério de ferro e outras commodities, que irão dar emprego lá na China e ainda veremos esses mesmos navios chegarem abarrotados de contêineres lotados de bugigangas manufaturadas que darão empregos aos milhões em terras tão distantes.

2 comentários:

  1. Caro Nélio, acompanho suas escritas constantemente aqui pelo Blog do Pascoal e percebo a sua precisão em escrever sobre uma porção de erros que infelizmente permeam a nossa tão insossa sociedade brasileira. E hoje você vem a confirmar aquilo que pude constatar lendo 1808 e 1822 do Laurentino Gomes. A nossa herança portuguesa é um fardo que ainda carregaremos por várias gerações até que haja a tão esperada transformação. E, temos que ser otimistas, ela há de vir, torcemos então pelos nossos netos que deverão presencia-la.

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  2. http://gulp.com.br/404.html

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