Por Nélio Azevedo
Quando o assunto é sexo, o mineiro ainda é tão conservador quanto dizem que somos?
Esse assunto ainda rende pano pra manga, pois quando se metem a debater sobre o tema as pessoas estão sempre na estreita linha que separa a sensatez e o sensacionalismo.
Tem aqueles que acham que sexo deve ser ensinado nas escolas, outros pensam que isso não se deve nem falar a respeito, para não se tornar uma falta de respeito; já, tantos outros têm verdadeiro pavor de tocar no assunto e, não têm esse tipo de conversa com os filhos. A maioria das religiões tem suas restrições no que toca esse assunto, consideram pecado qualquer menção e os órgãos sexuais se tornaram verdadeiros tabus que durante muito tempo as obras de arte sofriam uma influência tão grande da censura imposta pela Igreja que o resultado virou uma anomalia, “Síndrome de Michelangelo”, causando uma deformação como a que se nota na bela escultura de David.
Hoje as liberdades nos coloca em situações no mínimo, questionáveis, temos uma série na TV – SEX IN THE CITY, em que aparecem os recatos e a falta deles reinantes nas produções norte-americanas, onde o que se mostra fica às vezes subentendido. É que lá o patrulhamento é mais rígido e os órgãos de controle de qualidade dos programas veiculados na TV parecem ser mais rígidos.
Aqui, temos programas como o BBB onde tudo vale e não serve como referência a não ser que estejamos caminhando para o absurdo, tem o programa da Fernanda Lima que busca somente audiência pelo sensacionalismo e se esquece do conteúdo; no mais, o que sobra é muito ruim, não educa, não esclarece e não tem como proposta ajudar na educação e formação dos nossos jovens e crianças.
Questões correlatas, como a gravidez na infância ou adolescência, pedofilia, controle da natalidade e educação sexual nas escolas, são assuntos banidos do horário nobre, a não ser que se apresente como caso de polícia ou assunto a ser explorado nas novelas, que não têm nenhuma proposta educativa.
Nos filmes que passam na TV, nas novelas e séries a banalização do sexo ainda rende bons dividendos na audiência e no caixa, tem sempre uma pessoa do sexo feminino que é vítima de abuso ou de constrangimento. Os únicos programas onde vi o assunto ser debatido com mais seriedade foi na Oprah Winfrey Show, talvez, pelo fato dela ter sofrido abuso sexual na infância e adolescência; outro foi numa série da BBC chamada “Os Homens não passam a ferro”, muito boa e, além de ter conteúdo, tinha respaldo em pesquisas científicas. No mais o que se vê é muita baixaria, infelizmente, pois a nossa falta de educação se reflete de várias formas e, nesse assunto, estamos sempre a reboque do mundo mais desenvolvido onde o valor das pessoas não está nas formas arredondadas do corpo, que falam no lugar das bocas e esses talentos estéticos serão os atributos que lhe abriram as portas da fama e do sucesso profissional; não é à toa que o BBB faz tanto sucesso por aqui, onde pessoas de todas as classes sociais dedicam um tempo considerável de suas vidas acompanhando e decidindo via telefone, sobre quem vai sair e quem vai ficar naquele antro de promiscuidade e malandragem.
Isto tudo fica mais ofensivo quando o apresentador Pedro Bial, os nomeia de meus heróis. Heróis? Que mundo é esse onde um bando de desocupados pode ser elevado à categoria de herói por participar de uma porcaria dessas? Herói é quem sobrevive nesse país com salário mínimo e não se corrompe diante das agruras da pobreza.
Chega de porcaria na televisão. Desligue já!