Por Nélio Azevedo
Quando assistíamos pela TV aos protestos nos países árabes e, agora na Turquia, poderíamos pensar que estaríamos longe de termos situações semelhantes aqui no Brasil.
Estaríamos enganados e, ninguém em sã consciência poderia prever as cenas que assistimos neste fim de semana e nesta segunda-feira em várias capitais brasileiras.
Cenas tristes de violência e vandalismo que preocupa a todos ou pelo menos, aqueles que enxergam esses episódios além do oba-oba da Copa das Confederações.
Protestos que tiveram início em Porto Alegre contra o aumento das passagens de ônibus e se estenderam para todos os estados numa onda que pode afogar a nossa frágil democracia e as conquistas de um aparente estado de direito.
Hoje, segunda-feira, a exemplo de outras capitais, a cidade de São Paulo foi tomada por um tsunami humano que representa claramente a insatisfação de todo um povo que vem aceitando (ou não) essa situação em que a falência de instituições políticas e sociais são representadas pelo pouco interesse pelas questões mais importantes do país. Estamos às portas de uma nova eleição para os mais altos cargos do executivo e legislativo e não se vislumbra uma luz no fim do túnel e, essa gritaria das ruas é um alerta aos candidatos e partidos que ocupam o horário nobre da TV e não têm nada a dizer para esse povo.
Os estudantes que estavam adormecidos acordaram e se lançaram com o afã contra o gás lacrimogêneo e as balas de borracha distribuídas sem nenhum critério, fazendo vítimas manifestantes, transeuntes e jornalistas numa demonstração de selvageria e estupidez que mostra a nossa verdadeira cara para os estrangeiros que aqui vieram para a Copa e para os jornais do mundo. Aquela imagem de povo pacífico e ordeiro há muito já a perdemos ou nunca a tivemos.
Acorda, Brasil! O povo perdeu a inocência quando perdeu a segurança de andar livremente pelas ruas; quando perdeu o trem da história da educação de qualidade; quando perdeu noites de sono pelos péssimos serviços da saúde; perdeu o trem, o metrô e o ônibus que não virão nem para a Copa de 2014; por fim perdeu o medo e enfrenta a Pátria Armada que não tem sido sua mãe gentil.
Agora essa pátria assiste estupefata que seus filhos não fogem à luta.
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