Por Nélio Azevedo
Eu jurei para mim mesmo que não escreveria mais nada sobre a aprovação da lei que torna a palmada um delito passível de punição, mas, diante de tantas opiniões absurdas sobre o tema, eu não “guentei” e, escrevi.
Sobre o que foi dito no texto da Márcia Regina ao os mesmos argumentos que eu tenho ouvido a cada vez que o assunto vem à baila.
Primeiramente, eu quero dizer que o assunto talvez, não tenha merecido uma discussão entre sociedade, famílias, entidades sociais e as igrejas. Não vi nenhum programa levar pessoas que pudessem acrescentar alguma coisa boa ao debate, mostrando que os programas de TV estavam mais interessados na audiência do que no conteúdo da discussão.
Segundamente, eu nunca apanhei do meu pai que me ensinou quase tudo que eu sei e foi a figura mais importante na formação do meu caráter e do conceito de humanidade que formam a minha personalidade. Meu pai me ensinou, principalmente, a ser uma pessoa serena, sensata e mansa.
Diante disso, eu considero que a pessoa que apanha para aprender alguma coisa, aprende a bater ou a apanhar.
Tive a oportunidade de assistir ao meu saudoso pai em ação diante de alguns episódios que envolveram atos de violência entre pais e filhos, (pessoas bem próximas) em que os pais demonstraram uma falta de respeito muito grande e o castigo imposto aos filhos foi humilhante, degradante e desproporcional. A reação do meu pai foi a de defender os filhos deles e impedir que a violência tomasse proporções absurdas.
Lembro-me dele questionando um compadre dele sobre a punição imposta ao filho, dizendo para o referido compadre:
- Como você poderá ensinar-lhe a ser um cidadão se você o agride?
É tão simples que dispensa qualquer explicação, se eu não posso agredir nenhuma outra pessoa, porque eu poderia agredir um filho?
Tenho ouvido que se não pudermos bater nos nossos filhos, que não são nossa propriedade, não poderemos educá-los; isso é uma balela, se o único meio de educar for uma palmada, quem tem que ser educados são os pais. Não é possível que não se tenha nenhum outro argumento que não seja a agressão.
Depois, tem outro problema, quem iria arbitrar junto aos envolvidos numa agressão? Quem iria dizer qual a quantidade de força justa para tornar o castigo proporcional ao delito cometido? Alguém já pensou em ouvir a opinião das crianças a esse respeito?
Essa mania que algumas pessoas têm de justificar a agressão diametralmente desproporcional de um adulto a uma criança é uma triste herança da escravidão, tempo em que os donos de escravos puniam de forma variada os seus escravos, principalmente os boçais e os fujões. Naquela época, os escravos eram meras propriedades; meras coisas sem alma e dessemelhantes dos que se consideravam seres humanos.
UM TAPINHA, NÃO DÓI
ResponderExcluirTramita no Congresso Nacional projeto de lei que proíbe o castigo físico dos filhos, pelos pais. Os nossos ilustres congressistas resolveram botar um olho dentro de nossas casas para proteger nossos pequenos.
Nesta sociedade que despreza os valores humanos e supervaloriza a lei, até para que seja burlada, é comum esta transferência de responsabilidade. Costumamos confinar na Constituição ou Código Penal o resumo do comportamento conveniente, enquanto nos deleitamos com a nossa capacidade de enganá-los. Legislamos sobre fatos consumados e nos especializamos em abrir passagens exclusivas no frágil tapume da ética, da moral ou do legal.
Os costumes devem mesmo evoluir e se aperfeiçoar. Mas andar a esmo em círculos sem uma direção estabelecida, na convicção de que o desdém aos princípios sejam um sinal da evolução da nossa espécie, certamente nos levará a perder a nossa órbita em torno da força criadora que nos rege.
Minha mãe, que foi quem cuidou da educação dos filhos, ficando meu pai liberado para buscar o pão, nos ensinou com as palavras, com os exemplos e com as correções esclarecedoras, que a responsabilidade assumida não se transfere nem se adia. Aprendemos a confiar em suas palavras. Se fosse preciso uma corroboração extra, a vara de marmelo estava disponível, mas não havia em suas atitudes nenhum sintoma de irritação ou impaciência. Sentia-se o império indubitável do dever.
Já temos montanhas de leis que não se cumprem. O poder oficial do Estado não consegue equacionar os desvios oriundos da omissão com a educação dos nossos filhos. Como poderá, então, encaminhar os novos episódios que certamente advirão, depois que lhe entregarmos esta geração infantil de hoje, totalmente desprovida de compromissos e limites?
Gostamos de legislar em cima de fatos e desprezamos os princípios. Por isto achamos tão fácil falar em proibições e tão difícil desenvolver atitudes de respeito, comprometimento, companheirismo e amor.
Jaeder Teixeira Gomes
aplico o castigo da cadeirinha,funciona que é uma beleza.
ResponderExcluirPretendo não usar as palmadas, não pela lei, porque ela em sí.....sem comentários.