Por Nélio Azevedo
Quando se olha para o enorme quadro do Pedro Américo sobre o evento que retrata a Independência do Brasil a gente nota que de povo só tem a figura de um carreiro, o resto é composto por soldados e o imperador no meio do nada, dizem que é plágio de um quadro famoso chamado 1807, Friedland, de Ernest Meissounier, que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome. Já o outro pintado por um artista francês, mostra o povo nas ruas avalizando o brado do imperador, uma cena urbana num país essencialmente agrícola.
Quando vemos hoje as autoridades civis e militares escondidas em palanques isolados do povo, quando se percebe que somente os militares se dão o direito de comemorar essa data, vemos que o quadro do Pedro Américo representa melhor a ideia de independência que se construiu ao longo dos anos no país.
Não somos mais uma colônia de Portugal, no entanto o comportamento e a cultura reinante no país ainda é a mesma que se tinha na época do Brasil colônia. Talvez seja até pior, pois havia uma corrente de políticos que tentavam transformar o Brasil numa república e o povo em cidadãos.
Hoje vemos o povo nas ruas e é recebido a bala de borracha, cassetetes, bomba de efeito moral e gás lacrimogêneo, tudo temperado com spray de pimenta. O delito que esconde os rostos por trás das máscaras é pior do que o voto secreto no Congresso que inocenta o deputado bandido; o vandalismo dos mascarados do Black Bloc é radicalismo enquanto que a ação radical da Polícia é elogiada pelos comandantes. Quando o povo tenta entrar na casa do povo, é impedido e é tratado com violência, é tratado com desrespeito a cada voto secreto ou aberto; é desrespeitado a cada aumento de salário dos parlamentares decidido na calada da noite ao sabor de jetons e outras formas de aumentar os ganhos.
Quando o povo sai às ruas e grita que já não aguenta mais esse descalabro, somos brindados com novas falcatruas nas asas da FAB, que saudade dos tempos da PANAIR...
Não precisamos esperar o próximo sete de setembro nem a próxima eleição para gritar mais uma vez e mais alto até que nos escutem.
Vem pra rua!!