O final de semana foi de resgates e de desgaste para a equipe do Corpo de Bombeiros “Anjos de Resgate” de Santa Bárbara do Leste. Os bombeiros relatam a recusa de atendimento a pacientes no Pronto Atendimento Microrregional em Caratinga.
No sábado (15), uma vítima de atropelamento na rua Capitão Paiva, em Caratinga. e o motociclista envolvido no acidente foram socorridos e levados até a unidade de saúde, porém, os bombeiros foram barrados logo na entrada, como conta a presidente da Corpo de Bombeiros, Viviane Mota.
“Quando chegamos no Pronto Atendimento eles negaram o atendimento, alegando que não tinham medicamentos e nem materiais para os procedimentos. Houve uma burocracia, a Polícia esteve no local e registrou a ocorrência”, destacou, salientando que um dos pacientes, Jair Lopes, foi socorrido com suspeita de TCE e hemorragia interna, necessitando de atendimento e transferência.
A equipe dos bombeiros que presta um atendimento voluntário precisou improvisar para completar o combustível da ambulância e encaminhar o paciente para Ipatinga. Segundo os bombeiros, no Hospital Márcio Cunha, uma nova recusa. “Fizemos um novo boletim de ocorrência e o policial nos levou até a UPA de Ipatinga. Os enfermeiros atenderam os acidentados, mas senhor Jair precisava de um atendimento especializado e mais uma vez iria ficar sem o atendimento, porém, na UPA fizeram Raio X e o médico informou que ele teria de ser transferido e o Hospital iria receber pois o caso era mais grave”.
O resgate que teve início por volta das 20h de sábado se estendeu pela madrugada de domingo. Sem atendimento de emergência, vidas de pacientes em risco. Conforme informado pelos bombeiros, o paciente Jair foi internado no Hospital Márcio Cunha.
No domingo, a equipe enfrentou novamente a mesma situação. Por volta das 20h30, os bombeiros chegaram ao PAM com um homem identificado como João Paulo Ventura, de 34 anos, que havia sofrido uma queda e estava com um corte na altura da sobrancelha. O paciente precisaria de pontos, além de apresentar escoriações em um dos braços. O atendimento em Caratinga foi negado.
De acordo com o bombeiro Gabriel, ao chegar no PAM ele foi orientado a deixar o paciente no mesmo local em que foi encontrado. “Segundo eles. era para eu pegar a vítima e soltar na rua novamente. Veio, eu acho que um chefe do PAM, e me perguntou como eu pego uma vítima sem identificação na rua e levo para o PAM e eu disse que se fosse ele eu faria a mesma coisa”. O bombeiro Israel relatou que foi informado que não havia médico, exame de tomografia e que o paciente deveria ser encaminhado para Inhapim ou Ipatinga.
O paciente que precisava de um atendimento médico foi para a Delegacia registrar uma ocorrência de omissão de socorro e, na sequência, conduzido para a residência com o ferimento.
Na semana passada, a unidade de saúde fixou uma faixa na porta informando sobre a suspensão temporária do serviço de exame de tomografia no Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. Até 24 de outubro, pacientes que necessitam de tomografia, especialmente, os politraumatizados, deverão ser encaminhados para outros municípios. Em nota ao SC, a unidade de saúde também alegou que secretários municipais de Saúde, Corpos de Bombeiros e as Polícias Militar, Civil e Rodoviária já haviam recebido o ofício. Porém, de acordo com Viviane, a instituição não foi comunicada e não foi oferecida uma segunda alternativa para atendimento. “Eu quero saber para onde vamos levar o paciente? Fica a pergunta, pois Caratinga, Manhuaçu e Ipatinga não atendem”.
Em busca de respostas
O jornalismo do Super Canal busca respostas sobre os casos relatados em reportagem e esclarecimentos sobre o futuro do atendimento a pacientes de Caratinga e cidades da região. A Prefeitura de Caratinga, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclareceu que “tão logo quando soube do ocorrido, notificou o Ministério Público sobre a situação do PAM (Pronto Atendimento Microrregional) para resguardar o atendimento. O Município de Caratinga está em dia com todas as obrigações vigentes em convênio com o Hospital e com pagamentos extras e por isso entende que o atendimento não pode ser prejudicado”.
Ainda. segundo a nota, na tarde dessa segunda-feira (17). a Prefeitura protocolizou um ofício junto ao Ministério Público esclarecendo sobre a situação do PAM e solicitando uma interferência do MP para solucionar o problema.
O jornalismo do SC também solicitou um parecer em e-mail enviado à Coordenação do Pronto Atendimento Microrregional de Caratinga e através de contato telefônico com a assessoria de comunicação do Hospital Márcio Cunha. Aguarda-se uma resposta.
Com informações da TV Super Canal
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