quarta-feira, 18 de setembro de 2013

O saldo da violência

Nelio Azevedo

 


Por Nélio Azevedo

Ao ver no jornal O Tempo, os números da violência em Minas Gerais, eu fico com muito medo do que nos reserva o futuro. O problema só tem piorado e a sensação de insegurança é proporcional à impunidade reinante. Minas Gerais que já foi um oásis de tranquilidade no passado, agora experimenta índices que nos trás muito temor. Para se ter ideia, são quase 60 mil assassinatos por ano no país.

Enquanto a média de assassinatos no país é de 29 por grupo de 100 mil habitantes, em Minas ele salta para 40 e, não estamos entre os estados mais violentos; Espírito Santo, Alagoas e Sergipe nos deixam para trás com folga. O que mais impressiona é o fato de que 14 cidades, sendo 12 na região da grande BH são responsáveis por mais de 70% desses crimes. Contagem, Betim, Sabará, Santa Luzia e Vespasiano lideram essa triste corrida, e esse fenômeno atinge cidades de todos os tamanhos, em graus diferentes, mas com consequências parecidas.

O maior responsável por isso é o tráfico de drogas, que tem rebanhado jovens de baixa escolaridade, negros ou mulatos com idade entre 15 e 24 anos; uma perda terrível que poderá fazer falta no futuro . A facilidade com que esses jovens ingressam no crime é assustadora. Ouvindo suas explicações e justificativas no Programa da Rádio Itatiaia dá para perceber que alguns buscam notoriedade através do crime e se sentem muito seguros de si por serem menores de idade e têm como certeza maior a impunidade que é o ingresso de volta à criminalidade que supre suas necessidades de consumo. Penso que os repórteres dessa grande rádio deveriam entrevistar os policiais e delegados que efetuam as prisões ou as vítimas, muitas vezes correndo o risco de serem baleados e mortos no cumprimento da lei. Deveria ouvir somente o lado bom do episódio e ignorar esses bandidos que não perdem a oportunidade de rir na nossa cara. O “dá nada pra mim” virou um chavão repetido por todos eles.

Esses jovens não se fizeram cidadãos e não acreditam em nenhuma forma lícita de se conquistar um bem estar material ou social, desde muito novos investem nessa carreira que chamam fantasiosamente de “vida louca” onde morrer ou matar por um par de ou um telefone celular é a coisa mais simples; muitos desses jovens psicopatas são extremamente cruéis com suas vítimas, não importando se são outros bandidos ou menores de idade, idosos ou quem quer que seja. Esses jovens frequentam bailes funk onde são cantadas músicas que enaltecem o terror dessas facções criminosas, boates, bares onde consomem bebidas e drogas e dirigem motos e carros como se tivessem esse direito; namoram, se amigam e descartam parceiras e filhos como se fossem coisas, quando não as matam para tornar vago o lugar para a próxima “novinha”.

Ao visitar Belo Horizonte, o ex-prefeito de Nova York, Rudolph Giuliani, que ganhou notoriedade por implantar a “tolerância zero” e conseguiu em um mandato reduzir os índices de criminalidade para inacreditáveis e baixíssimos números numa cidade onde o crime reinava absoluto e os esses números chegavam a 14 mil ocorrências por dia, sobretudo na periferia; ele recomenda aquilo que as pessoas de bem vem afirmando há muito tempo. Lugar de bandido é na cadeia. Se cometeu crime e foi condenado, tem que pagar a pena até o fim. O trabalho tem que ter o envolvimento da sociedade e ter continuidade com os sucessores. Temos que ter uma polícia de qualidade e bem paga. Tem que ter leis claras e fortes para que o bandido tenha medo e não fique desdenhando dela como aqui se faz. Como se pode ver, não tem nenhuma solução mágica, a solução pode ser até simples.

Quando vemos que de cada cem crimes cometidos e investigados somente seis são esclarecidos e somente dois culpados vão para a prisão e, que ao final do cumprimento de um sexto da pena fica em liberdade condicional ou vai para o semiaberto; isso se ele não for menor de idade e sairá em um breve período de tempo em que provavelmente não cumprirá nenhuma medida de socialização e se sentirá livre para cometer outros crimes e rir da nossa cara amedrontada.

Nas eleições para os cargos legislativos é que teremos oportunidade de mudar essa triste realidade, somente os parlamentares é que poderão mudar as leis para que possamos ter um pouco de paz nas cidades ou iremos engrossar as filas de assaltados, agredidos e assassinados.

Votem em quem se comprometerá com a sociedade e o bem estar de nossas famílias; votem para que nós e esses jovens criminosos tenhamos um futuro melhor.

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