terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A renúncia de Bento XVI e o significado da decisão para a Igreja

José Aristides da Silva Gamito*

papaO anúncio de renúncia de Bento XVI foi uma surpresa para a Igreja. O fato aconteceu no dia 11 de fevereiro, o papa diz estar incapacitado para ministério por causa do estado de saúde. O último caso de renúncia aconteceu há quase 600 anos. Na história da Igreja, quatro papas já renunciaram por razões diferentes e esta decisão é admitida pela Igreja, o Código de Direito Canônico prevê isso no cânon 332, parágrafo 2º: "Se acontecer que o Romano Pontífice renuncie ao cargo, para a validade requer-se que a renúncia seja feita livremente, e devidamente manifestada, mas não que seja aceito por alguém.”

Os papas Bento IX (1045), Gregório VI (1046), Celestino V (1294) e Gregório XII (1415) renunciaram. Apesar de não ser comum, mas diversas circunstâncias levaram papas a renunciar. Bento XVI e Celestino V são os únicos casos de renúncia voluntária, os demais foram forçados por conflitos na administração da Igreja.

A renúncia do papa traz como contribuição positiva a humanização da função. A figura do papa com o passar do tempo passou a ser encoberta de mistérios, cheia de tabus e de impessoalidade. A dimensão humana do bispo de Roma fica em segundo plano. Poucas pessoas conseguem enxergar o papa como um ser humano comum.

Canonicamente, o papa é o bispo de Roma, sinal visível de unidade da Igreja. Ele é o primus inter pares. Isso quer dizer que ele tem a mesma dignidade dos demais bispos, mas ostenta o cargo de honra por representar o ponto de união entre os católicos. Bento XVI é o 265º bispo na cátedra de Roma. Ao longo da história, o papa passou de ser visto como um simples bispo para ser enxergado como bispo universal, sumo pontífice. As reformas do Concílio Vaticano II contribuíram muito para devolver ao papa a função original.

Por isso, o fato de um papa renunciar é recebido como surpresa. A ‘mitificação’ extrema o tornava quase impassível e imortal. Mas o papa é um ser humano como todos os demais ministros da Igreja. A decisão de Bento XVI reconhece isso!

*Bacharel e licenciado em filosofia, bacharel em teologia, especialista em Docência do Ensino Básico e do Ensino Superior e atual Secretário Municipal de Educação de Conceição de Ipanema (MG).

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