domingo, 9 de setembro de 2012

Greve de Sexo

Por Jaeder Teixeira Gomes*

As mulheres quenianas politicamente engajadas estão fazendo uma campanha para que todas as compatriotas façam uma greve sexual de uma semana. O objetivo é comover os companheiros para que se unam pela solução dos problemas sociais do seu país. A orientação é que, quando procuradas sob o aconchego do edredom, elas digam apenas:

- Querido, você pode fazer alguma coisa pelo Quênia?

Não sei se anda havendo alguns furos (sem trocadilho), mas o movimento está bem organizado e dispõe de recursos para remunerarem as suas companheiras que tem o sexo por profissão, a fim de que elas façam (ou não façam) a sua parte.

- Uma semana sem!... Já imaginaram o que é isto? “Faremos o que quiserem, mulheres. Por vocês, somos capazes de declarar guerra aos Estados Unidos e até mesmo de deixar de ir ao Brasil, participar da corrida de São Silvestre...”

Eh..., as mulheres têm o poder nas mãos e às vezes o trazem bem escondido em outras partes da sua anatomia, para as ocasiões especiais. E fica por aqui a interpretação jocosa de que não pude escapar, para fazer coro à nossa lógica habitual, capaz de transformar tudo em “papo-de-buteco”. Na realidade, a questão é bem real e bem outra.

A mulher tem o poder de transformar a humanidade, de muitas formas. A sua tenacidade e disposição para o desempenho de tarefas múltiplas é conhecida e reconhecida. Desde a fatídica maçã, até as nossas atuais executivas, a mulher puxa, junto com o homem, a composição da história, não sendo raro perceber o eixo de tração bem deslocado para o seu lado. Houve um tempo em que eram relegadas a figuras decorativas, quando todas as decisões cabiam ao universo masculino. Saíram-se bem também nesta tarefa. Hoje, em que as equações domésticas fugiram ao controle do homem, vem ela assumindo mais este “roçado” na nossa lavoura cultural.

O corpo social não difere do nosso corpo individual. Também nossos projetos individuais precisam de todo o nosso arsenal de possibilidades trabalhando conjuntamente. O corpo que trabalha com o martelo, computador ou similares, é o mesmo que ama, com as ferramentas da alma. Juntas elas podem transformar o mundo. Para se obter êxito nas empreitadas humanas é necessário que todos se engajem nos propósitos coletivos. O manifesto das mulheres quenianas nos lembra que seremos imbatíveis se usarmos tudo, de todos, na busca de resultados consensuais estabelecidos na harmonia.

*Jaeder Teixeira Gomes é escritor e poeta

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