segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Agora eu sou um sexagenário

Por Nélio Azevedo*

Sol e marNo dia 28 próximo passado eu completei 60 anos de idade. Venho deixando que esta vida me leve desde os idos e gostosos anos da década de 50 e posso afirmar uma coisa: nunca perdi o encanto pela vida, consigo ver o mundo com o olhar de um menino que agradece todos os dias esse privilégio.

Nasci numa família maravilhosa que me recebeu como uma pedra bruta que vem sendo lapidada durante todo esse tempo e se não virei uma joia ainda é porque ainda tenho muito que fazer por aqui. Sei que a minha infância não foi nada fácil, sou prematuro e tive uma série de doenças que me colocaram na alça de mira por diversas vezes, mas, consegui driblar a veia da foice e aqui estou eu. Sexagenário de Azevedo.

Sei também que é muito difícil envelhecer com dignidade nesse país, são tantos os descaminhos que nos assombram e, vão desde o desrespeito com que são tratados os idosos pelo governo; já foram chamados de safados e foram as vítimas principais de planos de governos passados, pelos planos de saúde atuais e quando não são assaltados pelos espertinhos donos de bancos que veem neles uma fonte de renda através dos empréstimos consignados são roubados do lado de fora na saidinha de banco.

Olhando para trás, vejo uma caminhada que se tivesse a oportunidade viveria tudo sem mudar quase nada. Estudaria um pouco mais, amaria um pouco mais e teria mais filhos. Realizei-me profissionalmente e virei um homem de vários instrumentos; tenho um bom retrospecto garantido por um currículo onde figuram empresas como Mendes Júnior e Andrade Gutierrez e outras de menor porte, mas que engrandecem e completam essa experiência.

Até hoje não senti a diferença de ter 50 ou 60 anos, as dores são antigas e as alegrias compensam e me dão coragem para viver outros 60. O que a gente perde no físico, a gente ganha em sabedoria, é claro que não é todo mundo que consegue ter essa sorte, mas a gente tenta todos os dias ser merecedor dessa chance e desse milagre que é ávida.

Como dizia o grande Gonzaguinha sobre a vida “É bonita, é bonita e é bonita”!

*Nélio Agostinho Azevedo – Desenhista Projetista, Técnico em Comunicação Gráfica, Historiador e Artesão

3 comentários:

  1. Caro Nélio,
    Continue sendo meu "batedor", poi venho logo atráz. Enquanto você for mais velho que eu, estou tranquilo.
    Vejo que você "degusta" o que a vida tem de bom e isto irá certamente patrocinar sua longevidade. Os dias nebulosos têm como antídoto, o engajamento familiar que você parece assumir inteiramente. Foi o que eu quis dizer no soneto abaixo.
    Em novembro próximo eu lhe faço companhia.
    Um abraço!

    Jaeder - Timóteo

    A PAZ É AQUI

    Viajo o mundo garimpando a paz
    Que se ajuste ao meu coração
    Uso um sorriso que de amor se faz
    E etéreas notas de imortal canção

    Tateio as nuvens, ganho o firmamento,
    Lustro as estrelas, visto-me de sonho,
    Depois retorno ao sabor do vento
    E nos porões da solidão me ponho.

    Voz conhecida me chamando à lida,
    Sem perceber me devolveu à vida
    Ao me escalar para o labor do dia.

    E foi assim que, afinado aos meus,
    Doce harmonia se formou, que Deus,
    Solenemente ali do céu regia.

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    1. Parabéns ao Nélio e a você também, Jaeder, pelo lindo poema.

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    2. Nélio disse:
      Obrigado, Jaeder e Pascoal. A vida tem me dado mais do que eu mereço, espero ser dígno de tanta bondade e beleza.

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