A cantora Daniela Mercury apareceu mais uma vez vestindo peça produzida por detentos da Penitenciária Professor Ariosvaldo Campos Pires, de Juiz de Fora. A artista foi a um programa da TV Bahia, afiliada da Rede Globo, usando um vestido roxo da marca Doisélles, que coordena a produção de peças com a parceria do presídio.
No dia 14 de fevereiro, Daniela já havia concedido entrevista coletiva sobre o Carnaval 2012 usando um outro modelo fabricado pelos detentos, um vestido vermelho, de crochê, que ajudou a compor figurino de Dona Flor, personagem do escritor Jorge Amado, que faria 100 anos em 2012 e foi homenageado pela cantora durante os dias de folia.
Além da artista, a apresentadora Angélica também já usou modelo produzido pelos detentos durante programa da TV Globo. A socialite Beth Szafir também adquiriu peças da marca, que mantém um showroom em São Paulo, está presente em 70 lojas multimarcas em todo o Brasil e participa, constantemente, de feiras em Paris e Tóquio.
Os modelos também já apareceram em campanhas publicitárias e todas as peças, sem exceção, trazem uma etiqueta que identifica o trabalho social realizado pela penitenciária estadual e a empresa Doisélles.
Ressocialização de detentos
Os detentos se dedicam oito horas por dia à produção da marca, criada pela empresária mineira Raquell Guimarães, que teve a ideia de buscar mão de obra na prisão, já que não conseguia no mercado. “Normalmente quem realiza esse tipo de trabalho são pessoas mais idosas, senhoras, que não conseguiam se dedicar como precisávamos. Então pensei nessa parceria, mas imaginei mulheres. Quem sugeriu que fossem os homens foi a diretora do presídio”, conta a empresária.
Ândria Valéria Andries Pinto é quem comanda a penitenciária e apostou nos detentos. “Falei com ela que em dez dias a gente ia conseguir provar que eles eram capazes. E deu tão certo que eles até já criaram um modelo”, revela. Os detentos realizam o trabalho desde 2009, quando foram capacitados e aprenderam o ofício.
Pelo trabalho, os presos recebem remição de pena - a cada três dias trabalhados, um a menos no cumprimento da sentença – e remuneração por peça produzida. O principal retorno, no entanto, não pode ser contabilizado: é a oportunidade de começar uma vida nova, ainda dentro dos presídios e penitenciárias.
Camila Moura (Segov)
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