O padre Mauro Passos, de BH, autografa na noite de 17/11, no Centro Pastoral/Palmeiras, o seu livro “Um Profeta em Movimento: Dom José Maria Pires Desatando Nós”. O evento, com presença do próprio bispo (emérito da Paraíba), marca a Semana da Consciência Negra na Paróquia São Pedro. A noite de autógrafos ocorrerá após missa afro das 19h, na Igreja-Matriz, antecedida de cortejo de grupos de reisado desde o bairro de Fátima, como informa o pároco, padre José Luiz da Silva.
A promoção da Paróquia, com apoio das Pastorais Sociais e de entidades de origem afro, tem aval da Academia de Letras, Ciências e Artes de PN/Alepon e parceria da Folha de Ponte Nova. Professor de Mestrado de Ciências da Religião da Universidade Católica/MG, padre Mauro disse à Folha, nesta semana, que o seu livro de entrevistas “encarna a presença da Igreja na história, além de marcar o profetismo com o colorido mineiro, o diálogo e a sensibilidade em face do humano”.
Pioneirismo negro
Primeiro negro a ser nomeado bispo, dom José - já apelidado de dom Pelé ou dom Zumbi - teve sua trajetória marcada a partir do Concílio Vaticano II, iniciando “caminhada em busca da raiz das coisas, fundamentadas no Evangelho e na melhor reflexão teológica do século 20. Ele assumiu a realidade de sua negritude e aprofundou com coragem a aproximação da liturgia da Igreja com a liturgia dos afrodescendentes. Sua Missa Conga é de extraordinária beleza e de grande simbologia mística”, assinala o padre/autor.
“Irmão e parceiro de dom Hélder Câmara em 1966, quando este era arcebispo da Paraíba, dom José tomou o partido dos pobres, dos despossuídos e, de modo especial, assumiu liderança na cultura popular. Assim, foi aprofundando sua relação com os últimos deste país e os perseguidos no período da ditadura militar”, como ressalta o autor.
Direitos humanos
Segundo padre Mauro, o principal personagem de seu livro teve “iniciativas ousadas, como a criação do primeiro Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Brasil, sendo responsável pelo Setor Social do Conselho Episcopal Latino-Americano/Celam”. Note-se que, sendo o mentor da Missa dos Quilombos (1981), dom José atuou na Paraíba, inclusive na solução de conflitos agrários.
Dom José se viu em evidência ainda ao estimular a formação de bibliotecas populares com o slogan “Dê um livro e espalhe sabedoria”. “O grande passo que a Arquidiocese da Paraíba deu no período de dom José foi a mudança de seu lugar social. De uma igreja ligada às classes privilegiadas para uma igreja a partir dos pobres, em prol de uma evangelização em crescente nível de participação e comunhão”, sublinha o padre Mauro.
Fonte: Folha de Ponte Nova
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