sábado, 12 de novembro de 2011

Na Semana da Consciência Negra, padre autografa em Ponte Nova livro sobre dom ‘Pelé’

Helder com Dom JoseO padre Mauro Passos, de BH, autografa na noite de 17/11, no Centro Pastoral/Palmeiras, o seu livro “Um Profeta em Movimento: Dom José Maria Pires Desatando Nós”. O evento, com presença do próprio bispo (emérito da Paraíba), marca a Semana da Consciência Negra na Paróquia São Pedro. A noite de autógrafos ocorrerá após missa afro das 19h, na Igreja-Matriz, antecedida de cortejo de grupos de reisado desde o bairro de Fátima, como informa o pároco, padre José Luiz da Silva.

A promoção da Paróquia, com apoio das Pastorais Sociais e de entidades de origem afro, tem aval da Academia de Letras, Ciências e Artes de PN/Alepon e parceria da Folha de Ponte Nova. Professor de Mestrado de Ciências da Religião da Universidade Católica/MG, padre Mauro disse à Folha, nesta semana, que o seu livro de entrevistas “encarna a presença da Igreja na história, além de marcar o profetismo com o colorido mineiro, o diálogo e a sensibilidade em face do humano”.



Pioneirismo negro

Primeiro negro a ser nomeado bispo, dom José - já apelidado de dom Pelé ou dom Zumbi - teve sua trajetória marcada a partir do Concílio Vaticano II, iniciando “caminhada em busca da raiz das coisas, fundamentadas no Evangelho e na melhor reflexão teológica do século 20. Ele assumiu a realidade de sua negritude e aprofundou com coragem a aproximação da liturgia da Igreja com a liturgia dos afrodescendentes. Sua Missa Conga é de extraordinária beleza e de grande simbologia mística”, assinala o padre/autor.

“Irmão e parceiro de dom Hélder Câmara em 1966, quando este era arcebispo da Paraíba, dom José tomou o partido dos pobres, dos despossuídos e, de modo especial, assumiu liderança na cultura popular. Assim, foi aprofundando sua relação com os últimos deste país e os perseguidos no período da ditadura militar”, como ressalta o autor.

Direitos humanos

Segundo padre Mauro, o principal personagem de seu livro teve “iniciativas ousadas, como a criação do primeiro Centro de Defesa dos Direitos Humanos do Brasil, sendo responsável pelo Setor Social do Conselho Episcopal Latino-Americano/Celam”. Note-se que, sendo o mentor da Missa dos Quilombos (1981), dom José atuou na Paraíba, inclusive na solução de conflitos agrários.

Dom José se viu em evidência ainda ao estimular a formação de bibliotecas populares com o slogan “Dê um livro e espalhe sabedoria”. “O grande passo que a Arquidiocese da Paraíba deu no período de dom José foi a mudança de seu lugar social. De uma igreja ligada às classes privilegiadas para uma igreja a partir dos pobres, em prol de uma evangelização em crescente nível de participação e comunhão”, sublinha o padre Mauro.

Fonte: Folha de Ponte Nova

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os comentários são moderados e não serão aceitas mensagens consideradas inadequadas.