quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Vergonha nacional

O tema é de 2006, mas continua atual.

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Que o brasileiro lê pouco – apenas 1,8 livro não escolares por ano – é fato notório. Que os alunos na maioria da rede escolar na quinta série do ensino fundamental sem saber interpretar corretamente pequena mensagem, também. O tema agora ganha a imprensa internacional. A revista britânica The Economist fala da aversão dos brasileiros aos livros. E com palavras duras: a pobreza das bibliotecas públicas e o baixo índice de leitura dos brasileiros constituem “motivo para vergonha nacional”, juntamente com a alta criminalidade, o desemprego e as escorchantes taxas de juros. A revista classifica o Brasil como “um país sem leitores” e diz que um quarto da população com 15 anos ou mais (cerca de 45 milhões de brasileiros) são analfabetos funcionais. Os números são verdadeiros. E a última pesquisa da Bienal do Livro apurou que apenas 16 milhões adquirem livros. A triste realidade pode ser creditada à pobreza da maioria da população, mas também não se pode negar o baixo nível do ensino. Em pesquisa recente sobre os hábitos de leitura, os brasileiros ocupam o 27º lugar em um ranking de 30 países. O péssimo ensino do português está em debate desde o fim dos anos 60 e foi tratado com o Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova (1932), que preconizava o ensino básico de seis horas. Pouco se fez para melhorar o ensino. Nada vingou, a não ser o aumento do número de crianças de sete a 14 anos matriculados nas escolas.

Em janeiro, o governo federal lançou o Plano Nacional de Livros e Leitura, com abertura de bibliotecas públicas e financiamento de editoras. Algumas Organizações Não-Governamentais (ONGs) instalaram bibliotecas circulantes, em duas estações do metrô na cidade de São Paulo. Um fator que desencoraja a leitura é a de os livros serem tão caros: em média, entre R$ 30 a R$ 40 a unidade, mais de 10% no salário mínimo do país. De que adianta bibliotecas públicas, se ler é um hábito que só pode ser cultivado em escolas de qualidade e no recesso do lar? Muitos dizem que os séculos de escravidão levaram os governantes a tratar a educação como artigo de segunda classe. Realmente, a leitura é um hábito difícil de se formar. A revista britânica tem razão: ao lado dos crimes e das taxas de juros, não ler é motivo para vergonha nacional.

Editorial do Estado de Minas de 19/03/2006, utilizado para prova de vestibular da UFOP.

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