quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Atingidos acampam às margens da represa do Emboque para denunciar violação de direitos humanos

Cerca de 50 famílias atingidas pelas barragens do Emboque e Granada, construídas em áreas dos municípios de Raul Soares e Abre Campo, começaram nesta terça-feira (20) um grande acampamento para denunciar a violação de direitos humanos na construção dessas barragens, reivindicar das empresas e dos governos os direitos violados, avançando na conquista da pauta e avançar na formação e na organização rumo ao Projeto Popular para o Brasil.

As duas barragens pertencem à empresa canadense Brookfield, sendo que o muro de uma é próximo ao remanso da outra. Com potência instalada de 35 MW - suficientes para iluminar uma cidade de mais de 500 mil habitantes -, Emboque está em operação desde 1998 e Granada desde 2003. Ambas geraram grandes lucros para a empresa, deixaram muitas pendências com as mais de 200 famílias atingidas e só fizeram crescer a miséria na região.

Uma comissão ligada ao Conselho de Direitos Humanos da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República acatou denúncia do MAB, do NACAB, Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens, e da Comissão Pastoral da Terra que visitou as barragens de Emboque e Granada e constatou violação ao Direitos Humanos conforme Relatório aprovado em novembro de 2010. Entre as principais violações se destaca o direito à informação e à reparação dos danos causados pelas hidrelétricas, nos aspectos econômico, social, ambiental e cultura.

Com um processo de implantação truculento e ditatorial, quatro pessoas morreram à época da construção das barragens e muitos acidentes fatais vêm acontecendo até hoje por causa dos trechos de estrada de alto risco no entorno de logo. As famílias acampadas reivindicam da Brookfield o reassentamento das famílias prejudicadas com as barragens e reativação econômica, social, ambiental e cultural, com projetos estruturantes, principalmente no Distrito de Bicuíba, na área ribeirinha de Raul Soares, nas localidades de São Lourenço, Valão e Distrito de Granada. O MAB enviou ofício à empresa solicitando uma reunião e a Brookfield se comprometeu a estar no acampamento na quinta-feira (22) debatendo com os atingidos.

Os acampados ainda reivindicam a visita do INCRA ao acampamento. Entre as famílias que ficaram sem terra com a construção da barragem, 72 já foram cadastradas pelo órgão e outras dezenas esperam o cadastramento. Na última Jornada de Lutas da Via Campesina, o INCRA se comprometeu a fazer vistorias nas terras escolhidas pelos atingidos sem terra.

Para Pablo Dias, da coordenação estadual do MAB, as famílias estão confiantes e dispostas a enfrentar os desafios da luta. "Este é mais um passo de uma empreitada de mais de 14 anos de violações, desrespeito e truculência por parte das empresas e de resistência, organização e luta dos atingidos. Uma coisa temos claro: esta luta só termina quando os direitos dos atingidos de Granada e Emboque forem garantidos", afirma.

Fonte: Blog da Amodig, com informações de Thiago Alves
Jornalismo – UFV
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Consulta Popular - Núcleo Viçosa - Minas Gerais
Turma Internacionalista Simón Bolívar - Curso Energia e Sociedade - UF

2 comentários:

  1. Acho que tá tudo errado,antes de protestar deveria aprender a votar,que os grandes fazem o que bem quer e dá em nada,ja nós pequenos não temos direito de fazer um pequeno desvio num córrego.

    ResponderExcluir
  2. Mas o protesto é uma forma de contestar, além do voto, é claro. Acontece que são necessárias uma mudança de cultura de nosso povo para que as pessoas possam enxergar as coisas de uma maneira diferente. É um questão de cultura do brasileiro achar que as coisas são como são e não há nada para ser feito para mudar ou, pior, cada um pensa só em levar vantagem em tudo.

    ResponderExcluir

Todos os comentários são moderados e não serão aceitas mensagens consideradas inadequadas.