sexta-feira, 24 de junho de 2011

Problemas de trânsito

Por Nélio Azevedo

Todo mundo sabe que a cidade de Belo Horizonte tem na sua área central um traçado geométrico bem elaborado, circundado pela Avenida do Contorno e suas avenidas cortando a cidade na diagonal. Era para ser uma planejada, no entanto, o que ocorreu foi um crescimento desordenado em que a ocupação comprometeu os planos do projeto inicial. Somado a isso, vieram o êxodo rural e um grande deslocamento de pessoas das cidades do interior, em busca de melhores oportunidades que não tiveram em suas cidades de origem.

Hoje experimentamos um adensamento de determinadas regiões que têm causado um transtorno tão grande que, parece-me que não tem solução; e, quando aparecem com a solução, ela se revela totalmente inadequada e amplia o problema. Moro na região da Pampulha, onde há bem pouco tempo tinha um sossego de cidade do interior ou de roça, hoje esta região virou um verdadeiro inferno, chego a gastar mais de meia hora para ir de minha casa até na Barragem, pela Avenida Portugal e, uma hora a mais até o centro da cidade; tudo causado pela falta de um planejamento de ocupação, ampliado pelo número absurdo de veículos particulares, um transporte coletivo insuficiente e as obras em função da Copa de 2014.

Como se pode ver, ao acompanhar os telejornais, isso não é privilégio só das metrópoles, até na pequenina Raul Soares temos problemas relacionados com o trânsito; vi com muita tristeza o caos relatado neste Blog quando teria sido apresentada uma solução pelo senhor lá de Ipatinga. É sabido que a polícia militar é o responsável pela fiscalização do trânsito nas cidades onde não existem organismos como a BHTRANS e outras, contudo, a responsabilidade não pode ser somente da polícia e do poder público, quem utiliza as vias públicas tem sua parcela de culpa no andamento do trânsito.

Todos têm o seu papel e a educação juntamente com o respeito às leis são imprescindíveis para que os resultados sejam satisfatórios. O que se assiste hoje em todos os lugares é um gritante desrespeito às leis, pessoas excedem na velocidade, dirigem embriagados, estacionam em locais proibidos, avançam sinais, dirigem de forma irresponsável e sempre que possível, tentam subornar ou escapar dos agentes de fiscalização, quando essas práticas não acabam em tragédia como a que ocorreu com o ex-jogador do Cruzeiro, Dudu, em Florianópolis, damos graças à Deus.

Coincidentemente, eu estava fazendo um esboço de um anel viário passando pela Vila Barbosa, atravessando o Bairro Tarza e cruzando o Rio Matipó, saindo lá pelas bandas dos Brechó, evitando assim o centro da cidade. Por falar em centro da cidade, será que as redes de esgoto e água comportam todo esse peso de carretas gigantescas que comprometem o bom estado de nossas estradas, imprimindo um esforço maior do que o esperado e projetado? Será que a ponte do Colosso, o Pontilhão da Rua Bom Jesus e a ponte da Vila Barbosa aguentariam essa carga? Será que já foi feito algum estudo sobre o estado atual delas, por algum engenheiro?

Fico preocupado com o futuro desses bens públicos que juntamente com outros fazem parte de nossa História e deveriam ser preservados; lembrem-se do que ocorreu recentemente com a ponte sobre o Rio das Velhas na entrada de Belo Horizonte, serve de alerta para as autoridades responsáveis.

Nélio A. Azevedo, Projetista.

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