Ressaca de Natal

Por Nélio Azevedo

Passado o dia 24 de dezembro com seus festejos de Natal o Brasil se prepara para os festejos do Réveillon.

Antigamente o Natal era uma festa religiosa em que se rezava em família e todos ávidos pela ceia que iria finalizar a noite em que se comemorava o nascimento do Menino Jesus. Eu disse comemorava? Acho que em alguns lares ainda se comemora dessa forma. Acho, não. Na casa de minha mãe ainda é assim. Nós comemoramos o nascimento de Jesus com uma reunião em família, uma bela ceia e rezamos sempre sob o comando da minha mãe com seus 92 anos.

Não são todos que têm esse privilégio de poder reunir a família com todos os filhos presentes, em harmonia, paz e saúde.

Na inocência dos meus dias de criança eu pensava que o Natal era assim em todos os lares, mas, hoje percebo o quanto eu estava errado, pois em algumas famílias isso é impossível por vários motivos. Algumas sequer comemoram a data por motivos religiosos e alguns por não ter condições financeiras para bancar esse gasto extra.

Vocês notaram que eu não falei ainda em presentes? Pois é, eu considero esse detalhe o menos importante na comemoração, ele é só uma pequena lembrança da oferenda feita pelos Reis Magos em sua visita ao menino Deus.

A julgar pelo movimento nos shoppings eu arrisco dizer que isso se tornou a coisa mais importante do Natal onde um velho barrigudo vestindo uma roupa esquisita, vermelha e apropriada para o frio polar tomou o lugar de quem de direito e, muitas pessoas pensam que ele é o símbolo do Natal.

Agora, se rendendo à sanha consumista, até os chineses, que não têm a menor ideia de quem tenha sido Jesus e o que ele representa para o Ocidente, comemoram o Natal e o Papai Noel já estabeleceu sua base nos shoppings do maior país comunista do mundo. Comunista de mercado.

Uma coisa é certa, hoje as pessoas podem comemorar o Natal com todos esses atributos, numa clara demonstração de poder de compra; nunca tiveram tanto dinheiro nas mãos para consumir o que a mídia ordena. Assisti a um verdadeiro festival de consumo nesses dias. Carrinhos de supermercado abarrotados de Perus, tender, picanhas, cerveja, frutas natalinas e pacotes de viagem em enormes transatlânticos; isso sem falar na vedete do Natal: a tão cobiçada TV de Led ou LCD.

É, gente. Eu acho que o Natal mudou para sempre e se daqui a alguns anos alguém disser que quer cantar parabéns para o aniversariante, muita gente vai gritar “Viva o Papai Noel”! acompanhado de “com quem será”, tudo regado com muita cerveja e muito churrasco, numa clara demonstração de que estão confundindo Natal com Carnaval.