Que isto sirva de lição

Por Nélio Azevedo

Foi grandiosa a festa da democracia vivenciada pelos 135 milhões de brasileiros nesse último domingo, tendo transcorrido as eleições na mais perfeita ordem e segurança.

Que isto sirva de lição para o mundo, o uso da urna eletrônica como principal instrumento de votação, uma tecnologia totalmente desenvolvida pelos nossos técnicos, afasta a possibilidade de fraude, rapidez na votação e apuração e, esta campanha foi em bom nível em todos os cantos desse país continente.

Esse total de eleitores é extremamente expressivo e confere aos eleitos uma representatividade real, diferentemente de países como os Estados Unidos onde se vota em listas fechadas e ainda em uso as cédulas de papel num colégio eleitoral que somados a não obrigatoriedade do voto, a tal representatividade vai para o espaço, elegendo presidentes e senadores com menos de 35% dos votos e riscos de fraudes.

Os resultados para presidente e governador no Estado de Minas vêm trazer um enérgico puxão de orelhas na direção regional e nacional do PT, desde a eleição para prefeito em 2008 e agora nessas eleições, o PT amargou uma derrota vergonhosa, revelando a insatisfação dos eleitores e militantes com os arranjos políticos perpetrados sob os auspícios do Presidente Lula e da cúpula do Diretório Nacional, nos forçando a aceitar esses conchavos esdrúxulos que só interessavam à manutenção de alianças que custaram muito caro ao partido em Minas.

Às vezes eu começo a acreditar em boatos de que a direção nacional do PT, não quer um partido forte em Minas nem em outros estados para não atrapalhar os planos dos paulistas, lideranças locais e eminências pardas são mortas no ninho.

Quisera ver o PT mineiro te tido a coragem do PT do Rio Grande do Sul onde o Tarso Genro, sem o apoio do Palácio do Planalto enfrentou o desmando e derrotou o candidato do PMDB, José Fogaça, no primeiro turno. Parabéns ao povo gaúcho que soube votar e, olhe que o Fogaça tem se revelado um bom candidato.

Espero que depois desse evento o PT adote um posicionamento diferente e retome seu lugar junto ao eleitorado e militância, como sempre foi, fazendo jus à importância do Estado no cenário político nacional. Daqui a dois anos teremos eleições para prefeitos e o PT está vazio em Minas, vazio este gerado pelas disputas internas entre o grupo do Pimentel e o do Patrus, que não terão cargo até lá, caindo no esquecimento do eleitor que tem memória curta e não se lembrará dos mais de 70% de aprovação do Pimentel como prefeito.

No último debate (na Rede Globo), o José Serra preocupado com o crescimento da Marina, atacou sem piedade e sem reflexão a candidata do PV, ele não percebeu que a Marina não lhe tirou votos, tirou da Dilma e, agora que a possibilidade de segundo turno, ela poderá pender para a Dilma, mas, seu eleitorado castiço e conservador poderá migrar para a candidatura do Serra, o que colocaria em risco a vitória de Dilma; que estranhamente, perdeu em Belo Horizonte para a Marina, revelando assim a insatisfação do eleitorado com o PT.

Outro puxão de orelha bem dado receberam Jereissati, Marco Maciel, Artur Virgílio e Fernando Collor, não basta ser famoso e destemperado na tribuna, é preciso mais do que isso hoje para angariar a simpatia e o voto dos eleitores que estão cada vez mais exigentes.

Uma coisa é certa, a campanha nesse intervalo entre os dois turnos será extremamente acirrada e provavelmente veremos um show de baixarias, pois, agora vale tudo pela vitória.

Agora, cá para nós, eu não consigo esconder o sorriso diante da possibilidade dos paulistas terem como representante em Brasília o semianalfabeto Palhaço Tiririca, a exemplo do que ocorreu no passado quando os cariocas elegeram Cacareco, Juruna e Timóteo e Clodovil, os próprios paulistas que adoram votar no “honestíssimo” Maluf, um político que copia mal o Ademar de Barros, só que rouba e não faz. No caso dos cariocas, elegeram Romário e Bebeto, essa dupla era boa nos gramados, agora a situação é outra, e, o mais incrível: elegeram a dupla Garotinho, e irão penar nas mãos dessa quadrilha, digo, família.

No entanto, aqui vão as minhas felicitações ao povo brasileiro e às instituições que regulamentam as eleições, sem me esquecer da lambança que o Supremo arranjou com a votação da Lei da Ficha Limpa, num claro exemplo de como caminhar na contramão dos anseios do povo brasileiro, que por si deu um jeito de executar a Lei da Ficha Limpa nas urnas, cassando os figurões que andaram pisando na bola. Viva o Povo Brasileiro!