segunda-feira, 19 de abril de 2010

A QUESTÃO FUNDIÁRIA NO BRASIL


Por Nélio Azevedo

Desde a publicação da Lei de Terras no Brasil, em meados de 1860, o Brasil nunca criou nenhum artifício que realmente viesse trazer uma solução definitiva para as questões que a posse e o acesso à terra tem trazido para a nossa sociedade. Tornando esse assunto um verdadeiro tabu, gerando uma polêmica sem fim com episódios tristes e finais trágicos para os dois lados.

Só no Estado do Pará, 750 pessoas foram assassinadas nos últimos 30 anos e somente 7 pessoas foram a julgamento.

A falta de uma Reforma Agrária eficaz, a falta de uma política séria de abastecimento e de controle de preço mínimo para os produtos agrícolas, vem deixando a classe produtora numa situação que beira o desespero. Basta olhar o que acontece com os pequenos produtores de leite, sempre nas mãos das cooperativas que lhes pagam uma miséria pelo litro de leite e exercem um poder sobre o excedente que realmente torna inviável o setor; e, olhe que Minas Gerais tem a maior bacia leiteira do país. Não é incomum assistirmos ao absurdo de criadores mandarem matrizes para o abate por não conseguir manter seu rebanho com a parca lucratividade auferida.

Os trabalhadores rurais são chamados por nomes que denigrem sua imagem: bóia-fria, peão, orêia-seca e outros que não fazem justiça à sua condição nem à sua importância. Cortadores de cana trabalham até a exaustão e morrem em condições que desafiam as leis que regem a relação capital-trabalho.

O que espanta é que uma grande parcela da população desenvolveu um ódio parecido com o do proprietário de terras pelos movimentos legítimos, mesmo que essa parcela da população não tenha acesso à terra também, revelando claramente que há uma brutal formação de opinião por parte de jornais, revistas e televisão, que tem contribuído de forma eficaz para que essa hegemonia agrária se mantenha. Basta ver que a ênfase que se dá quando os sem-terra destroem tratores e pés de laranja não é a mesma que se dá quando se fala de vidas humanas tiradas em tocaias e covardes assassinatos. Mesmo respeitando o direito da propriedade, isso por si só não pode justificar que apenas 1% da população possua 46% do território e, que somente 16 famílias são donas da maior parte das terras às margens do Rio São Francisco, da divisa da Bahia até a foz; sendo alguns imensos latifúndios que representam o poder e, não produzem quase nada ou nenhuma grama de cereal, caindo na condição de latifúndio improdutivo, que pela constituição, essas terras não tendo função social, seriam passíveis de serem desapropriadas para fins de reforma agrária.

O ódio das oligarquias rurais e urbanas, fieis herdeiros da cultura escravocrata de cinco séculos, não perde de vista por um segundo sequer os poucos instrumentos de luta pelo direito de igualdade e acesso à terra, sendo o MST o mais notório.

A maior parte da produção do que o país consome, é produzido pelo pequeno, pela agricultura familiar e, o que espanta é que desde a criação do INCRA, (1970) cerca de um milhão de famílias foram assentadas, mais da metade entre 2003 e 2008. Para viabilizar a atividade econômica dessas famílias, para integrá-las ao processo produtivo de alimentos e divisas no ciclo de desenvolvimento, é necessário travar uma disputa diária pelos recursos públicos. Daí resulta o ódio dos ruralistas e outros setores do grande capital, habituados desde sempre ao acesso exclusivo aos créditos, subsídios e ao perdão periódico de suas dívidas.

Figuras como Gilmar Mendes e a Senadora Kátia Abreu que, vem batendo forte no MST, propondo CPI, veiculando propaganda em rádio e TV; e, como uma mariposa numa busca alucinada pela luz dos holofotes, numa tentativa de ganhar visibilidade. Essa Sara Palin, fiel herdeira das oligarquias agrárias quer ser a todo custo a vice do Serra.

O Brasil precisa resolver pacificamente essa questão ou seguiremos os mesmos exemplos de quase todos os países da Europa e Américas que se engalfinharam em lutas fratricidas pela posse da terra, nesse caso, todos perdem.

É por essas razões que se armam hoje uma grande ofensiva dos setores mais conservadores da sociedade contra todos os movimentos sociais, urbanos e agrários, dentro e fora do Congresso Nacional, seja nos monopólios da comunicação, seja nos lobbies de pressão em todas as esferas do poder. Esses movimentos são como bandeiras acesas, inquietando a consciência democrática do país: a nossa democracia só será digna desse nome, quando incorporar todos os brasileiros e lhes conferir, como cidadãos, o direito a participar da partilha da riqueza que produzem ao longo de suas vidas, com suas mãos, o seu talento, o seu amor pela pátria que é de todos nós.

Por um país mais justo e para todos os Brasileiros.

12 comentários:

  1. Falando em "Brasil mais justo para os brasileiros"...
    Eu gostaria de pegar uma carona na matéria do Nélio Azevedo,para chamar a atenção de vocês para a forma de TRABALHO ESCRAVO em que estão vivendo nossos lixeiros,do caminhão de lixo.
    -Eles não têm sistema de turno,trabalham o dia inteiro e muitas vezes,até altas horas da noite.Isto sem receberem um tostão sequer de horas extras.Trabalham na chuva com proteções precárias de vestuário.Trabalham aos sábados,feriados e dias santos,sem receberem um tostão a mais de horas extras no ordenado.Morrem de medo de falar com a gente e serem prejudicados.Então,eu fiquei sabendo disso através de uma parente de um deles que é minha comadre!!!!!!!!!

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  2. paschoal o anonimo das 01.29 esta certissimo e uma esploracao isso que a prefeitura faz com os cari do caminhao,teria que ter dois turnos e com todo equipamentos de seguranca nessesario pra esse tipo de servico,cade o procurador do povo isso ai que ele tinha que ver.e so fazer uma denucia no ministerio do trabalho eu mesno vou fazer essa denucia tenho alguns anigos la dentro,tal fez se eles tivesse esse equipanentos de protecao nao teria morido aquele cari la na reta que foi atingido pela escada do carro da telemar.

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  3. Pelo que estou sabendo eles recebem horas extras sim. Podem até não utilizar o equipamento e vestuário necessário para desempenhar a função, mas com relação ao salário eles até que não têm o que reclamar.

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  4. porque que o anomino das 21;43 nao ficha no lugar deles pra ganhar o salario que eles ganha, na prefeitura tem gente que nao faz nada e ganha um salarao to ajando que esse anonimo trabalha na prefeitura.

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  5. hô anônimo das 21:43: Pelo jeito então você não está sabendo é de nada,eles não ganham horas extras não e não podem reclamar não é porque o salário é bom,não podem reclamar é por causa de persegução!!!!!!!!!!

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  6. O Anônimo das 21:43.Reclamar eles não podem mesmo não,senão eles perdem o emprego!!!!!!!!Se você perguntar,é lógico que eles vão responder feito você,"Não têm o que reclamar"....E também não é questão só de reclamar não,é questão de cumprir a lei,coisa que muita gente não é nada chegado em fazer.....

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  7. Ô anônimo das 23:10, já que vc tem tanta certeza então mande as provas do que está afirmando.
    O Pascoal mesmo disse que precisa de provas para incriminar alguem...Um contracheque serve...

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  8. Essa questão do lixo tá uma mistura danada. Já vimos motorista do caminhão do lixo, bancando o ajudante, que pega lixo com as mãos, sem luva, prá jogar no caminhão e dirigindo logo depois o carro do conselho tutelar, e também o carro da assistencia social. Como vão pedir hora extra e insalubridade, se a cada hora estão desempenhando uma função diferente?

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  9. o ANÔNIMO DAS 7:57 TÁ DE BRINCADEIRA,NÉ????DANDO UMA DE BESTA E PEDINDO PRO CARA MANDAR UM CONTRA CHEQUE DELE.....MANDA NÃO VIU MEU FIO,FICA CUÊI,SEU CONTRA CHEQUE VOCÊ GUARDA E MOSTRA LÁ NA JUSTIÇA DO TRABALHO,SE VOCÊ APRESENTAR UM CONTRA CHEQUE , ELES CAEM MATANDO EM CIMA DE VOCÊ!!!!E SE ESTA PREFEITURA DE RAUL SOARES APRESENTACE PRESTAÇÕES DE CONTAS COMO É OBRIGATÓRIO,TODOS NÓS IRÍAMOS VER QUANTO SE PAGA E A QUEM!!!!!!!

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  10. Nélio, sua matéria foi muito importante para meus parcos conhecimentos, da dó de ver os comentários postados pelos leitores da mesma (parece que não LERAM), que não tem nada a ver com a matéria.
    Nós seguidores do blog poderíamos explorar e aprofundar mais pela matéria postada, visando adquirir uma melhor politização. Nélio continue postando matérias importantes para nós raulsoarense. Parabéns! Não desista.
    O Pascoal deixou o foco da matéria através dos comentários postados. Pascoal o ideal é abrir uma matéria sobre tópicos específicos da administração de Raul Soares.
    Espero que este comentário seja postado.
    Obrigad@!

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  11. A matéria do Nélio apesar de muito importante, não desperta como se esperava o interesse da maioria dos leitores raul-soarenses.
    Aqui ainda se briga muito por mesas nas calçadas, enquanto a cultura hiberna nas gavetas dos governantes à espera de um super-herói que a liberte.
    Os comentários realmente têm pouco a ver com o texto, entretanto, esta é a maneira que esses leitores encontram para expressar o seu descontentamento para com a realidade atual do município, e não vai ser eu quem vai proibí-los. Afinal, o blog está aqui para isto.
    Não percamos nossas esperanças. Um dia chegaremos lá.

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  12. Muitos se julgam super cultos,"EU SEI QUE NADA SEI",mas
    percebo que "comendo pelas beiradas" alguns estão despertando nas pessoas o direiro de reenvindicar o que está sendo afanado na maior "cara larga e dentes arreganhados"!!!!!!!!!

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