sábado, 8 de agosto de 2009

Política: estamos de olho

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"É PRECISO QUE OS HOMENS DE BEM TENHAM A AUDÁCIA DOS CANALHAS"


Esta frase foi dita por Benjamin Disraeli, escritor e político britânico do século XIX. Inicio estas linhas com esta frase porque, embora tenha sido dita há uns cento e cinquenta anos, é de uma atualidade gritante uma vez que estamos diante de um estado e onde a corrupção é tamanha a ponto de se chegar ao cúmulo de inferir que seja normal este comportamento aético na política e até nas relações pessoais do dia a dia, contaminando instituições e o próprio homem. Cito ainda uma frase não menos atual do conhecido economista John Maynard Keynes onde diz que "nada é de graça, tudo é pago, e para que tudo seja pago, tudo precisa estar à venda, inclusive o indivíduo". E assim, a corrupção vai gerando violência de todos os tipos, corroendo e desfibrando cidadãos e por fim a própria nação.

O que estamos vendo acontecer no Senado Federal é um choque de entendimentos. Não concordo com nada do que disse, mas acredito nas palavras do senador José Sarney porque penso que ele fez o que fez (e outros) com o mais puro sentimento de que ele estivesse certo. Vive o senador na ambiência do início do século passado sem perceber que seu tempo já passou. A consciência da diferença do que é público e do que é privado que existe hoje não foi bem assimilada pelo senador e por muitos outros políticos, sejam ou não partidários, atuantes ou não por todo este Brasil.

O próprio cidadão, que assiste estas mazelas, tem o sentimento de que o que é público é do governo e se é do governo não é de ninguém. O cidadão, de um modo geral, deseja que seus direitos sejam respeitados, mas somente quando algo lhe toca diretamente. É preciso que a cidadania seja ativa. A nossa indignação não pode ficar circunscrita a conversas de bar. Deve ultrapassar todos os discursos éticos. Deve ser acompanhadas de atitudes, desde as mais simples às mais enérgicas alcançando uma dimensão pública, social e política, mais prática e objetiva.

Este país está mudando muito lentamente, mas muitos continuam insistir em permanecer hoje, como no século passado, num país de arranjos, de negócios cinzentos e ligeiros, onde os espertos operam milagres que põe a multiplicação dos pães num chinelo e que revertem sentenças absolvendo corruptos - por exemplo - como mágicos em circo de subúrbio. Os que detêm as ferramentas do poder muitas vezes as utilizam de forma desonesta, pela ganância, pelo egoísmo, pela vaidade e até mesmo pelo próprio poder, indiferente a qualquer princípio ético, insensível às angustias, cego às mazelas e surdo aos reclamos das pessoas do povo consideradas de segunda classe exatamente por não participarem da esbórnia arrogante, injusta e inescrupulosa que grassa o país.

É preciso, portanto, um basta! Que a desesperança e o silêncio não se apoderem dos simples de coração, dos que possuem caráter fundado em firmes princípios de dignidade e bons propósitos, pois, como dizia Ruy Barbosa, a Pátria não é ninguém: são todos. Os que a servem são os que não invejam, os que não infamam, os que não conspiram, os que não corrompem nem se corrompem, os que não sublevam, os que não desalentam, os que não emudecem, os que não se aproveitam da ignorância alheia como massa de manobra, os que não se acovardam, mas resistem, mas ensinam, mas assistem, mas constroem, mas se esforçam, mas pacificam, mas discutem procurando soluções. São os que praticam a justiça, a admiração, o entusiasmo, o respeito e exercem com desprendimento e destemor a cidadania ativa. Para contrariar o que disse o economista Keynes, é preciso que o cidadão não se coloque à venda pondo por terra seus mais valiosos princípios.

É preciso que os intelectuais, os idealistas, os simples de todo gênero lutem exercendo a cidadania ativa, pois o silêncio e a inação correspondem a tudo o que os inescrupulosos desejam.

"Todo político é igual", "Não entro para a política porque ela é suja", "É político? Não quero lhe ouvir", "Brasileiro é assim mesmo", "Este país não tem jeito mesmo", "O negócio é tirar vantagem..." , frases como estas, propagam sentimentos que promovem a derrota da dignidade e uma resignação que desfibra o país entregando-o ao descalabro numa horrenda inversão de valores e desta forma passamos como coniventes e cúmplices silenciosos.

Portanto, vamos dar um basta a esta inércia. Vamos exercer a cidadania ativa ainda que seja com a audácia dos canalhas.

Carlos Grand

Por uma cidadania ativa

4 comentários:

  1. Todos os brasileiros tem a obrigacao de ler o livro que Hugo Chavez recomendou a Barak Obama. Ali se pode acompanhar as maquinacoes dos governos brasileiro do passado e obter um pe firme na historia politica e economica do brasil. Alem desta vantagem, tambem se pode comprender melhor como o brasil se encaixa numa estrutura internacional de exploracao, inquietude e segredos. O autor discute com muita autoridade e pesquisas o que se faz e se fez com os conceitos de publico e privado. Este livro: As Veias Aberta da America Latina deveria de ser obrigatorio no brasil, digo altamente recomendado para os que se enteressam por politica, economia e historia

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  2. O brasileiro precisa de uma analise de sua identidade, e de atencao ao seu grande complexo de inferioridade. E muito rara as vezes que nao se houve: Este pais. quando se referem ao brasil, aos brasileiros. Imbutido nestes termos ha uma ilusao, um reverso de idealizacao de sua imagem que deixa implicido que existe um caracter nacional em outras patrias onde a corrupcao e o mau caratismo nao sao aspectos tambem da identidade nacional. como se fosse brasileiros os mau aspectods da humanidade

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  3. Anônimo disse...

    Na realidade o se precisa neste país é educação, melhoria social e principalmente ensinar o povo brasileiro a votar e confiar nas pessoas honesta e não ficar vendendo seu voto."Quando Pelé afirmou,que brasileiro não sabia votar", caíram de pau nele, mas êle estava certo. estou cansado de ouvir: Só voto se fulano me der isso ou aquilo,por isso que o político é sem vergonha, pois o eleitor é mais sem vergonha ainda, vende seu voto depois fica reclamando.Quem sabe um dia o povo brasileiro aprende. será?

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  4. Eu não vendo meu voto não meu filho e acredito que muitos brasileiros assim como eu, têm vergonha na cara e respeito!E você vai me desculpar,mas o pelé só fala abobrinha e vive envolvido em escândalos feios!Fera no futebol,rei mesmo,mas só no futebol!

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