segunda-feira, 9 de junho de 2008

Em Raul Soares o lixo hospitalar não respeita as normas técnicas e é depositado no lixão, junto com o lixo doméstico, a céu aberto

Fomos contatados pelo sr. Paulo Américo Martins (Paulo Ciríaco) - que atua como membro do Conselho Municipal de Saúde - para apurar uma denúncia sobre o descumprimento de normas com relação ao armazenamento e destino dos resíduos sólidos hospitalares gerados pelo Hospital São Sebastião de Raul Soares.

A maior preocupação é com os chamados Resíduos Infecciosos: material proveniente de isolamentos, sangue humano e derivados, material patológico, materiais perfurantes e cortantes, resíduos de diagnóstico e tratamento (gaze, drenos, sondas, absorventes e qualquer material sujo com resíduos e fluidos corpóreos) e peças anatômicas provenientes de amputações e biopsias.

Em visita ao hospital hoje, por volta das 18:00 h, fomos recebidos por um funcionário, que achamos por bem não revelar seu nome. Perguntado se o os procedimentos com relação ao lixo hospitalar estavam sendo cumpridos conforme as normas técnicas que foram estabelecidas e legislação vigente contemplando periculosidade, volume e reciclagem, ele disse que sim e nos conduziu até o depósito onde esse lixo estava armazenado, nos assegurando que, agora, esse material estava sendo acondicionado para ser recolhido por uma empresa especializada de Belo Horizonte, onde seria incinerado, e não mais recolhido pelo caminhão da prefeitura.

Pedimos para fotografar a dependência onde se encontrava esse lixo, mas ele não permitiu sem antes solicitar autorização do gestor, que não se encontrava ali, no momento.

Como não estávamos convencidos ainda com as informações prestadas pelo referido funcionário, decidimos aguardar a chegada do caminhão de lixo. Havíamos sido informados que esse caminhão continuava a recolher esses tambores do hospital todas as segundas e sextas-feiras.

Às 19:45h o caminhão realmente apareceu e os operários, ao contrário do que havia dito o funcionário do hospital, recolheram os vários volumes contendo o lixo hospitalar. Esse material foi despejado dentro da carroceria e misturado ao lixo doméstico que já havia sido recolhido na cidade.

Para comprometer ainda mais os órgãos fiscalizadores, pela omissão, comprovamos que esses operários não estavam utilizando luvas nem máscaras apropriadas para lidar com esse material com alto teor de contaminação. Não custa lembrar que a exposição desses homens a essas situações, põe em risco não só a saúde deles, mas a de suas famílias e até o meio ambiente.

Apenas para ratificar a veracidade dos fatos, esses operários nos garantiram que realmente esse lixo hospitalar é recolhido por eles duas vezes por semana, é misturado ao lixo doméstico e depositado a céu aberto no aterro sanitário. É bom lembrar que esse material contaminado por uma variedade absurda de microorganismos nocivos à saúde é também revirado por catadores no lixão e, parte dele, consumido por cães e urubus que perambulam por ali.

Agora, depois de comprovada a denúncia, o mínimo que se espera dos órgãos competentes é uma fiscalização decente e sem protecionismos, exigindo dos infratores o fiel cumprimento da lei.

Aos governantes lembramos que o mundo já não é mais como antes. Hoje, o povo, graças a uma série de fatores, tais como jornais, livros, rádio, TV e Internet, está mais cônscio de seus deveres, mas também dos seus direitos e cada vez mais apto para poder cobrar e exigir do governo o direito de exercer com dignidade a sua cidadania.

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