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sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dos problemas o menor

Por Nélio Azevedo*

menor infratorDesde que foi criado o ECA – Estatuto do Menor e do Adolescente – foi motivo de discussão e de incompreensão, um conjunto de normas moderno para a época em que foi criado, mas que se mostra insuficiente e às vezes, inadequado para os dias de hoje.

Em vários países as crianças e os adolescentes que representam problemas para a sociedade têm tratamento muito diferente e as instituições que cuidam do problema também são bastante diferentes das que temos aqui. As leis de lá são mais duras com quem comete crimes, seja menor ou não, além do fato de terem lá uma sociedade que é mais temente à lei e na maioria das vezes, obedecem-nas com mais presteza. Mesmo em países menos desenvolvidos do que o Brasil.

A onda de violência envolvendo os jovens no Brasil tem aumentado muito nos últimos anos e, isso tem sido motivo de preocupação e revolta de vários segmentos da sociedade. O que assistimos nos noticiários é de causar pânico, menores liderando quadrilhas e assumindo a responsabilidade em todos os tipos de delitos. Os jovens estão em evidência como vítimas e como algozes e a maior preocupação se deve ao fato de pertencerem a uma faixa etária que varia entre os 15 e os 24 anos, adolescentes ou jovens que não conseguem se inserir socialmente, afastam-se das escolas que se tornam alvos de suas ações e vandalismos.

Recentemente, o governador de São Paulo anunciou sua intenção de enviar ao congresso uma proposta de lei que mudaria a idade mínima para a imputação de penas mais rigorosas. Será que só isso iria mudar esse cenário? Penso que não, afinal, esse quadro é fruto de uma sociedade inteira, uma sociedade injusta que vem produzindo todo tipo de marginais desde a década de 80 quando a educação foi jogada na lata de lixo e todo mundo fingia que não via. Essa mesma sociedade que buscou meios de se realizar somente através do consumo e se esqueceu dos pilares que sustentam toda sociedade que quer se edificar e permanecer ao longo dos anos; essa mutação do logos orientador que só produziu oportunistas e espertos em número tão grande que fica difícil achar quem não trilha nesse caminho.

O quê está podre é a árvore inteira, não adianta arrancar os frutos podres, a árvore está doente, a floresta está doente; haja vista fatos corriqueiros que demonstram isso. Nessa semana que passou, um caminhão carregado de fornos de micro-ondas tombou em uma rodovia no interior de Minas e sua carga, a exemplo de todas as cargas de caminhões acidentados, foi saqueada por um bando de ladrões que a ocasião fez; até o prefeito de uma cidadezinha levou mais de dez aparelhos e quando focalizaram um ônibus em que seus passageiros desceram e roubaram a carga, abarrotando o bagageiro, só um rapaz permaneceu dentro do ônibus, somente um. Esse desvio de caráter está visível em todos os lugares, no motorista que tenta subornar o guarda que o multou, no esperto que tenta furar a fila, no cidadão que compra produtos pirateados, no empresário sonegador, no político corrupto e no pastor que extorque seus fiéis; ninguém escaparia se uma devassa fosse instaurada. Somos um povo doente, somos corrompidos na origem e o exemplo vem de cima, seja na família ou na rua, no trabalho, na escola, na igreja e no governo.

Penso que mudanças devem ser feitas não só no ECA, mas, em toda a sociedade, no governo, nas escolas, nas empresas e, começarmos a pensar uma sociedade mais justa, mais responsável e capaz de produzir um ambiente melhor para os que estão vindo. A participação política é um caminho e pode ser um meio de alcançar as mudanças que desejamos. A educação e a construção de melhores cidadãos também podem e, o começo disso pode estar na família; o exemplo que damos aos nossos filhos irá ser definitivo na formação deles que serão os componentes das gerações futuras.

*Nélio Agostinho Azevedo – Desenhista Projetista, Técnico em Comunicação Gráfica, Historiador e Artesão