domingo, 6 de maio de 2018

Duplicação sem fim mantém tragédias recorrentes na BR-381

Com menos de 50% das obras concluídas, a BR-381 volta a registrar acidentes em série. Em 12 horas, três pessoas morreram na estrada. Entre elas, dois nomes da imprensa de Minas

(foto: PRF/Divulgação)
As obras de duplicação da BR-381 tiveram sua ordem de serviço emitida em 2014 e a previsão era de que já neste ano os motoristas que arriscam suas vidas diariamente na mais perigosa via mineira contariam com 205 quilômetros de trechos ampliados, com vias separadas, áreas de escape e túneis.

A realidade da via, no entanto, é outra, com menos de 50% das intervenções concluídas. O que manteve atual a alcunha dessa estrada, classificada de a “Rodovia da Morte”. Em pouco mais de 12 horas, entre a noite de quinta-feira e a manhã dessa sexta-feira, mais seis pessoas foram vítimas da violência da rodovia, sendo que três morreram. Entre as vidas perdidas estavam duas importantes figuras da imprensa mineira: o jornalista Ronaldo Lenoir, de 63 anos, e o fundador do site Bhaz, Pedro Guadalupe, de 33. Lenoir trabalhou no Estado de Minas de 11 de setembro de 1996 a 20 de outubro de 2003. José Luiz Torres Santos, que dirigia uma carreta, morreu em outro acidente, na manhã dessa sexta-feira.


No ano passado, a BR-381 figurou novamente como a que mais concentrou mortes em rodovias federais em Minas, com 222 óbitos, contra 170 da BR-116 e 145 da BR-040. O trecho de Contagem a São Paulo (Sul) registrou 125 mortes e o de BH a Governador Valadares (Norte), 97. Quando se divide a quantidade de vítimas pela distância, no entanto, o trecho Norte, com 309 quilômetros, apresenta índice de mortalidade de 0,31 óbito a cada mil metros, e o trecho Sul, de 474 quilômetros, índice de 0,26.

O acidente que vitimou Ronaldo Lenoir e Pedro Guadalupe envolveu seis veículos que trafegavam no sentido BH, na altura do Km 321, em Nova Era, na Região Central de Minas. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a batida ocorreu às 18h de quinta-feira. As primeiras informações são de que uma carreta de minério descia a estrada a 60km/h retendo o Peugeot 207 das duas vítimas, um Renault Sandero do policial civil aposentado José Bittencourt, de 69, e uma van. Até que um caminhão-baú conduzido por Paulo Vitor Batista Gonçalves, de 29, desceu desgovernado o trecho de forte declive em curva, não conseguiu parar e atingiu a fila. O caminhão estava carregado com sacos de carvão para churrasco e com o impacto atirou a van e o Sandero para fora da pista, esmagou o Peugeot contra a carreta e terminou por cima do carro. A dupla morreu instantaneamente. Uma marca de frenagem de 200 metros impressa no asfalto pelo caminhão-baú pode indicar alta velocidade, o que ainda não foi confirmado, já que o tacógrafo que deveria registrar o ritmo de deslocamento estava vencido. Saiba mais:'Foi um dos mais brilhantes nas redações', diz jornalista do EM sobre Ronaldo Lenoir

(foto: PRF/Divulgação )

Acidente aconteceu na noite e quinta-feira em Nova Era. Morreram o jornalista Ronaldo Lenoir, ex-editor adjunto de Política do Estado de Minas, e Pedro Guadalupe, fundador do site BHAZ(foto: PRF/Divulgação )

(foto: PRF/Divulgação )
Atendido poucos minutos depois do acidente pelo Grupo de Resgate Voluntário (Gave), de Nova Era, o motorista declarou uma versão diferente. “Ele disse que quando entrou na curva viu o Peugeot 207 tentando ultrapassar a carreta. Mas que não conseguiu, voltando rapidamente para a fila de carros, que frearam todos juntos, não permitindo que ele tivesse espaço suficiente para evitar a batida”, conta Ladimir Carvalho, coordenador do Gave. “O carro das vítimas ficou destruído, debaixo do caminhão. Não tivemos nem como chegar até ele. Socorremos para o Hospital São José, de Nova Era, o motorista do caminhão, que teve escoriações, e o policial aposentado, que sentia dores na coluna e teve machucados por todo o corpo”, disse Carvalho.

Foto: PRF divulgação

Quando a PRF chegou ao local, o motorista do caminhão-baú já tinha sido socorrido. Os dois agentes que trabalham no trecho também não conseguiram conversar com ele no hospital, pois estavam retidos numa ocorrência de falsificação de documentos e, por isso, Paulo Vitor não foi submetido ao teste do bafômetro no local. Os demais motoristas passaram pelo teste. O pai do condutor do caminhão-baú disse à PRF que o filho estava em estado de choque. “O número de efetivo de que dispomos para atendimento é esse mesmo. Por isso, muitas vezes uma ocorrência impede que outra seja atendida”, disse o chefe da delegacia da PRF em João Monlevade, inspetor Igor Cabral. As investigações deverão ficar a cargo da Polícia Civil de Nova Era.

Com informações do Portal Plox

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