terça-feira, 24 de novembro de 2015

Em audiência da ALMG, população de Governador Valadares afirma temer qualidade da água para consumo

Abastecimento já se normaliza, mas, em reunião da Comissão das Barragens, moradores ainda se mostraram inseguros.

imageO abastecimento de água no município de Governador Valadares (Vale do Rio Doce) está sendo normalizado, mas, apesar disso, a população ainda não se sente segura para consumir o produto. Esse impasse marcou a audiência pública da Comissão Extraordinária das Barragens da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada na cidade nessa segunda-feira (23).

 

Participantes da reunião manifestaram preocupação com a qualidade da água fornecida pelo Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) da cidade e relataram odor forte e cor amarelada. A prefeitura, por outro lado, garantiu que a água já está própria para consumo. 

A reunião, solicitada pelo deputado Bonifácio Mourão (PSDB) e pela deputada Celise Laviola (PMDB), teve como objetivo conhecer os reflexos no município do rompimento da barragem do Fundão, em Mariana (Região Central do Estado), da empresa Samarco, no último dia 5. O desastre ambiental, que pode ser o maior da história brasileira, provocou uma avalanche de lama que soterrou Bento Rodrigues, distrito na zona rural de Mariana, seguindo pelo rio em direção ao Leste do Estado e ao Espírito Santo, até atingir o Oceano Atlântico.

Em Valadares, município com cerca de 280 mil habitantes, o rompimento provocou o desabastecimento de água e a prefeitura chegou a decretar estado de calamidade pública no último dia 10. Em diversos pontos da cidade, há doações de galões de água mineral. Os moradores – até mesmo idosos e crianças - formam filas para retirar os galões. A retirada é acompanhada por policiais militares e Exército. A população retorna para suas casas seja de moto, carro, bicicleta ou a pé, carregando o peso dos litros.

O coordenador acadêmico da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) - campus de Governador Valadares, Ângelo Marcio Leite Denadai, destacou, na audiência, que laudos emitidos pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) e pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), feitos sobre a água de Governador Valadares e que atestam que a mesma está própria para consumo, referem-se a estações de tratamento específicas.

Para o professor, é preciso ter no município um laboratório regional para controle da qualidade de água. “Não temos infraestrutura necessária para análise de metais pesados. A constatação da contaminação por meio deles não ocorre da noite para o dia, os reflexos virão no futuro”, completou. Segundo ele, a composição química do rio mudou depois do desastre. “Será que as estações de tratamento da cidade são capazes de fazer a análise neste momento?”, questionou.

O vereador de Governador Valadares, Paulinho Costa, demandou um projeto imediato para recuperação do Rio Doce e uma iniciativa para captação alternativa de água. “Até quando ficaremos nessa insegurança: se a água tratada pelo Saae é boa ou não, se trará problemas para a saúde?”, questionou. E acrescentou: “O Rio Doce já estava em situação complicada, 100% do esgoto da cidade é despejado no rio, já havia dificuldade de captação de água. Agora, foi dado o golpe final”, completou. Paulinho Costa lamentou a ausência na audiência de um representante da empresa Samarco.

Já o presidente da Câmara de Governador Valadares, Adauto Pereira da Silva, contou que foi protocolado no Saae pedido para que fossem enviados ao Legislativo municipal os laudos com relação à água da cidade. “Essa tragédia nunca será esquecida. O rio não voltará a ser o mesmo. Os rejeitos ficarão assentados e acumulados no fundo. Vai comprometer a pesca, a flora e a fauna. O mar levará também para todos os lados esses rejeitos. Ainda não dá para calcular os danos. Mas os responsáveis pela empresa já deveriam estar presos”, argumentou.

Leia a matéria na íntegra no Portal ALMG.

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