terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A Cúpula da Cachaça

DSCN0438Foi publicada, na semana passada pelo site do Estadão, uma matéria que tratava, especificamente, de cachaças, sejam elas artesanais ou não. A matéria, assinada pela jornalista Cíntia Bertolino, falava sobre a escolha, através de votação, das 60 melhores cachaças do Brasil, que irão disputar entre si para, então, definir o ranking das 50 melhores do país. O grande questionamento é: Por que nenhuma cachaça da região do Vale do Piranga foi lembrada? Será que a qualidade é inferior? O que falta? Investimento? Publicidade?

Antes de responder a estas perguntas é preciso voltar no passado quando Ponte Nova era referência regional na produção artesanal desta iguaria. O município era um grande produtor, em larga escola, mas foi perdendo mercado e espaço, por uma série de fatores: concorrência entre os produtores, desprofissionalização, falta de investimentos no setor, dentre outros, até ser superado por Januária que, por consequência, perdeu espaço para Salinas. Mesmo não estando no ranking das 60 melhores, a região ainda é uma grande produtora de cachaças: Cachaça Guaraciaba, Segredo de Baltazar, Essência das Gerais, Cachaça do Alarico, Cachaça Jequeri, Tunico da Serra, e muitas outras.

A AMAPI, que é parceira dos produtores e defende uma regionalização e investimentos para o setor, realiza anualmente o Festival da Cachaça Artesanal do Vale do Piranga, que em 2013 completou a sexta edição, exatamente para impulsionar o mercado, os produtores, governos municipais e estadual, investidores e empresários sobre a importância desta iguaria para o crescimento regional.

Porém, mesmo com todo o incentivo (que ainda é muito pequeno diante às possibilidades), as lutas e certo reconhecimento, as cachaças da região não foram nem lembradas. Por quê? Para José Adalberto de Rezende, secretário executivo da AMAPI, o que falta é investimento publicitário no setor: “Embora pregamos que nossas marcas são boas, e são, nenhuma apareceu na lista, o que reflete que embora produzimos qualidade, nosso marketing é fraco”.

Cenário nacional

O agronegócio da cachaça desempenha um importante papel na estruturação de milhares de propriedades rurais do interior de Minas Gerais, responsável por 60% da produção de cachaça de alambique do País. Os quase 8,5 mil alambiques do Estado geram cerca de 240 mil empregos, diretos e indiretos. Devido à elevada taxa de clandestinidade do setor, estima-se que a produção alcance aproximadamente 160 milhões de litros, segundo a Associação Mineira dos Produtores de Cachaça de Qualidade (Ampaq).

Os principais gargalos do setor são a informalidade e a adequação dos alambiques às exigências legais. As ações desenvolvidas pelo Sebrae em Minas e instituições parceiras nos polos produtivos de Salinas, Guanhães, Araxá, Tupaciguara, Poço Fundo, Divinópolis e Ponte Nova, envolvendo cerca de 400 produtores, já surtiram resultados.

Clarissa Guimarães
Assessora de Comunicação da AMAPI

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