sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

O verão de Cachoeira

Por Mauro Bomfim*

imageCarlinhos Cachoeira está curtindo o verão. Fraudou o erário e foi à praia. O contraventor foi libertado estranhamente, num julgamento de uma das Turmas do Tribunal Regional Federal em que o voto de concessão de liberdade para o bicheiro prevaleceu por maioria escassa.

Carlinhos Cachoeira está livre, leve e solto no verão do litoral baiano. Curte o verão ao lado da bela mulher, que ficou conhecida como a musa da CPI e que exibe todas suas formas, sem qualquer pudor, para as câmeras dos paparazzi de plantão.

Cachoeira se refestela com água de coco, banho de mar, rindo e fazendo escárnio da Justiça e de todos nós. Bebendo, comendo do bom e do melhor, falando ao celular, representando, mesmo em férias, no palco do teatro de seus delitos e acionando do resort de luxo toda a sua rede de contravenção.

Enquanto isso paira no ar um misto de perplexidade e temor de que destino idêntico seja vivido pelos mensaleiros.

Aguardando a publicação do longo acórdão do Supremo que os condenou e já maquinando os sucessivos embargos declaratórios para atrasar o cumprimento da pena, os mensaleiros podem simplesmente se evaporar e não ir para a cadeia.

Toda uma nação que exalta a figura do negro Joaquim Barbosa, o homem de punhos de renda que mais parecem punhos de aço e cuja toga negra foi o exemplo de justiça implacável contra os mensaleiros. Mas pode haver frustração, como no caso de Carlinhos Cachoeira, nesse verão de janeiro curtindo as delícias do paraíso no litoral baiano.

As celas do presídio de Tremembé foram preparadas no final de ano para abrigar os famosos mensaleiros, como o ex-ministro José Dirceu e outros, aguardando a ordem de prisão a ser decretada pelo Ministro Joaquim Barbosa, que preferiu aguardar a publicação do acórdão da ação penal do mensalão.

Resort de luxo ou presídio de Tremembé? A nação inteira põe fé na postura inflexível do Ministro Joaquim Barbosa e aguarda que os mensaleiros cumpram efetivamente a pena imposta
pela Suprema Corte, sob o risco de desmoralização total da justiça brasileira.

O cenário de um litoral paradisíaco seria a carta de alforria para fraudadores dos novos tempos. O presídio de Tremembé é o lócus adequado para os que assaltaram a bolsa pública. No litoral, os mensaleiros conviveriam com águas esverdeadas, coqueiros, sombra e água fresca. Em Tremembé, estarão em companhia de criminosos famosos, como os irmãos Cravinho, o casal Nardoni, o jornalista Pimenta Neves, parricidas e passionais, matadores de pais, mulher e filha.

Que os mensaleiros contemplem o sol quadrado de Tremembé e não o brilho do astro rei irradiando nas águas paradisíacas que banham praias de areias quentes.

*Mauro Bomfim é jornalista e advogado

Com informações do Diário das Gerais

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