sábado, 20 de outubro de 2012

Cadastro Positivo

Por Jaeder Teixeira Gomes

A presidenta Dilma acaba de sancionar lei que autoriza a criação pelo comércio de um cadastro de bons pagadores. O objetivo alegado é o conhecimento da parcela dos consumidores brasileiros que compra e paga. De posse dessa lista, o comerciante poderia fazer concessões na transação, como cobrar juros menores, diante da minimização dos riscos.

Eticamente parece não haver empecilho, porquanto este seria apenas o lado que falta de uma moeda chamada lista do SPC, que se acha nas mãos dos comerciantes. Não é mesmo justo que honradores sistemáticos paguem pelos fintadores contumazes.

O que fica evidenciado nesta questão é a fragmentação da massa humana em categorias e a impossibilidade de uma coexistência em pé de igualdade. Cada vez, ratifica-se mais a nossa incapacidade de observar os conceitos comuns à nossa espécie, que valham como um estatuto da humanidade. Nossas relações esbarram em variantes pessoais configuradas com os propósitos mais obscuros, o que torna nossas relações cada vez mais espinhosas, num espaço cada vez mais estreito.

Salvo o exagero de relações oportunistas, protagonizadas por personagens que se julgam mais “espertos” do que o comum mortal, a relação de troca de valores materiais abastece as nossas necessidades e são capazes até mesmo de lançarem luz sobre os valores humanos, numa relação, não de troca, mas de capitalização de experiências.

Talvez a existência de uma lista dos bons consiga atrair adeptos até então figurantes da lista dos maus, pois não é raro que o prêmio desfaça os nós da rebeldia ou da inabilidade contábil, onde o castigo não conseguiu.

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