No último domingo, o jornal Diário de Caratinga publicou nota de repúdio assinada pelo diretor clínico do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, Eli Nogueira, Gerson Pereira dos Santos, pelo corpo clínico, ambos médicos, e pelo diretor administrativo Cláudio de Oliveira Paiva. O mesmo documento foi lido em todas as missas celebradas em igrejas que pertencem à diocese de Caratinga, por orientação do bispo diocesano, dom Emanuel Messias. O repúdio se refere a extensa matéria que o DIÁRIO publicou, no dia 18 de setembro, relatando a situação caótica do setor financeiro do HNSA e que atinge, principalmente o atendimento à população.
Apesar de classificar a matéria como terrorista, caluniosa, a nota de repúdio não desmente nenhum ponto colocado na matéria. O conteúdo é de pura rejeição à matéria, mas não traz esclarecimento sobre a situação interna do hospital.
Mas o interesse do DIÁRIO em continuar com novas matérias a respeito do lamentável assunto é procurar soluções, junto com a Igreja Católica, entidades civis de representatividade e o poder público. Ao apontar os erros procuramos corrigi-los e não cometer mais os próprios erros.
NOVOS DOCUMENTOS
Não fazendo terrorismo, mas agindo de forma imparcial a reportagem mostra um pouco a forma como vem sendo conduzida a administração do HNSA. Relatos que foram confidenciados em “off”, nos deixam assustados, realmente, mas como é difícil provar todas as denúncias feitas, o DIÁRIO vai trabalhar com o material que a Redação conseguiu, publicando, inclusive, os documentos citados.
São documentos valiosos, aos quais, não somente a equipe de jornalismo do DIÁRIO, mas também o Ministério Público e o Conselho Regional de Medicina tiveram acesso.
A seguir, você, leitor, verá um cronograma de denúncias graves que foram encaminhadas à direção do HNSA. Vamos resguardar a fonte de informação a pedido do próprio informante. “Sou peixe pequeno, eles vão me perseguir e estou entregue nas mãos de Deus”, resumiu o médico.
FALTA DE EQUIPAMENTOS
Como denunciado em matéria anterior o diretor do HNSA, Cláudio de Oliveira Paiva, recebeu ofício, no dia 2 de agosto de 2011, que relata a falta de material essencial para funcionamento da Unidade Terapia Intensiva Adulta, do hospital. O relatório mostra que faltam desde um simples esparadrapo a bombas de infusão.
Mas o fato mais grave acontece na UTI Neo Natal, inaugurada recentemente, segundo a mesma denúncia. A forma como os profissionais daquela área trabalham chega a ser desumana. “O médico que trabalha na UTI, é o mesmo que faz parto e trabalha no ambulatório. Uma sobrecarga de trabalho e responsabilidade fora do comum” denuncia o médico.
Em comunicação interna, datada de 29 de julho de 2011, a chefe da pediatria, Fernanda Sales de Oliveira, relata à diretoria técnica do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora ter pedido, em 7 de julho, materiais para UTI Neonatal e que até a data do comunicado não havia sido atendida. Materiais, como cateter, por exemplo, fundamentais para o bom andamento da UTI, dizem os médicos. O referido ofício está assinado pela médica Fernanda de Oliveira e pelo diretor técnico Leonardo Pedrosa, dando ciência da falta de material requerido.
A situação da Pediatria está sendo considerada gravíssima pelos médicos, pois os especialistas ameaçam parar o atendimento caso não seja resolvido o problema de sobrecarga de trabalhos e da aquisição de equipamentos necessários para o bom funcionamento da unidade. “Os pediatras estão ameaçando parar o atendimento, pois não suportam mais a sobrecarga de trabalho e as condições desumanas que estão trabalhando”, afirma taxativa, a fonte ouvida pelo DIÁRIO.
A denúncia foi encaminhada ao Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais e assinado pela coordenadora da UTI Neonatal, Fernanda Sales de Oliveira. Na denúncia, a médica relata:
“No dia 08 de agosto os sete pediatras que fazem parte do corpo clínico do HNSA reafirmam as denúncias e exigem que o HNSA tome as seguintes providências:
1 – Duas escalas em regime de plantão presencial para dar assistência à maternidade, sendo que uma equipe para atender a sala de parto, outra para dar assistência à UTI Neonatal.
2 – Melhor remuneração nos plantões de pediatria”.
Segundo o médico nenhuma das exigências foi atendida e os pediatras estão ameaçando parar o atendimento. O médico relata o desespero e a preocupação diante da situação do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora. “Não quero apontar um culpado, gostaria que apresentassem soluções para estes problemas graves”.
NOTIFICAÇÃO JUDICIAL
No dia 25 de julho de 2011 uma notificação judicial assinada por cinco médicos que fazem parte do corpo de obstetrícia foi encaminhada para a direção clínica do HNSA, Comissão de Ética Médica, Secretaria Municipal de Saúde, Ministério Público Estadual e Conselho Regional de Medicina. Nesta notificação os médicos reafirmam exigências que até então não foram atendidas pela diretoria, citando:
1 – Instrumentos adequados para parto normal, cesariana, curetagem e acompanhamentos de trabalho de parto, de acordo com as normas do Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina e das boas práticas médicas.
2 – Supervisão das atividades e da presença de estagiários e residentes.
3 – Pediatria/neonatologista exclusivo para atendimento da sala de parto.
Passados sessenta dias no oficio e os obstetras ainda não foram atendidos e também ameaçam parar.
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Ainda foram apresentadas denúncias quanto ao setor primordial do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, a urgência e emergência. Neste caso o Ministério Publico de Caratinga, Secretaria Municipal de Saúde, Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais, e principalmente ao diretor administrativo do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, Cláudio de Oliveira Paiva estão ciente do problema.
No relatório mostra-se a importância do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora para Caratinga e região. Onde lamentavelmente apontam-se erros graves e prejudicando pacientes comuns, gente simples que procuram no momento mais difícil da vida e lamentavelmente, não encontram solução.
Este documento mostra situações graves como falta de ar comprimido no setor de urgência e emergência, “equipamento essencial para manutenção da vida dos pacientes em caso em que a vaga na UTI não estiver disponível”, denuncia o médico.
O médico lamenta ainda o descaso com a vida financeira do hospital. “A administração do hospital está ciente de tais problemas e justifica que esta situação é consequência do sub financiamento por parte do SUS, cujo recurso não é suficiente para arcar com todas as despesas relativas ao hospital, tendo um déficit mensal em torno de R$ 80 mil”, declarou.
DISCUSSÕES SÉRIAS
O mesmo médico que faz as denúncias finaliza o depoimento afirmando que a única forma de resolver todos os problemas do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora é discutir problemas e ouvir sugestões. Para isso é necessária a convocação da direção do hospital, Conselho Regional de Medicina, Ministério Publico e Poder Executivo, alerta.
Fonte: Diário de Caratinga
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Todos os comentários são moderados e não serão aceitas mensagens consideradas inadequadas.