O número de pessoas contaminadas pela bactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC) aumentou exponencialmente nas últimas semanas levando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) a adotar uma série de medidas para barrar o avanço. Em Manhuaçu, o Hospital César Leite já faz o monitoramento do grupo KPC há mais de um ano, não registrou sua presença e adota várias medidas de controle e segurança para evitar casos de infecção hospitalar.
A KPC é uma cepa da bactéria Klebisiella pneumoniae. O primeiro caso identificado no país ocorreu em 2005, em São Paulo. Quatro anos depois, veio o segundo caso, em Londrina, no Paraná. Ela pode causar pneumonia, infecções na corrente sanguínea e no sistema urinário. A possibilidade de contágio da bactéria é maior em quem está com imunidade baixa e a transmissão é feita através do contato com secreção ou excreção de pacientes infectados.
O médico infectologista do Hospital César Leite, Thiago Heringer, explica que a principal bactéria do grupo é a Klebisiella pneumoniae que é encontrada facilmente nos hospitais do Brasil. “Agora a KPC é um perfil mais raro. Ela ainda é restrita ao ambiente hospitalar. Acredita-se que, por conta do uso indiscriminado de antibióticos, essa bactéria sofre uma mutação no gene e produz uma enzima capaz de destruir uma classe de antibióticos que são considerados os mais potentes”, detalha.
Thiago Heringer conta que o laboratório do Hospital César Leite tem condições de perceber a presença da bactéria KPC e tomar providências imediatas. “A nossa conduta tem sido otimizar o uso de antibióticos, ou seja, fazer a restrição ao máximo do uso de antibióticos, principalmente aqueles que induzem a resistência. Em geral, tanto no caso da KPC, quanto qualquer bactéria multirresistente, isolamos o paciente para proteção de outros pacientes e dos profissionais de saúde. O nosso desafio é reforçar as técnicas de isolamento de contato para manter essa bactéria isolada e impedir que ela se dissemine no ambiente hospitalar”, destaca o infectologista.
Minas Gerais registrou, entre julho de 2009 e julho de 2010, 12 casos da superbactéria Klebsiella pneumoniae carbapenemase (KPC). O número foi divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Segundo comunicado, quando a bactéria está presente em um ambiente hospitalar, é necessário fazer a notificação. "Porém, a presença dela não quer dizer, necessariamente, que houve um surto ou que a mesma causou alguma morte. Ressaltamos, ainda, que até o momento não houve nenhuma notificação de surto ou morte provocados pela bactéria", informa a nota da SES.
LABORATÓRIO ATENTO
No laboratório do Hospital César Leite três bioquímicos se revezam em escalas diárias e acompanham todo tipo de bactéria. Marden Mendes Silva, Soneli de Fátima Marinho e Maria Luiza Maciel Heringer explicaram que o controle já é uma rotina na unidade de saúde.
“A gente já tem essa preocupação há bastante tempo de fazer a identificação a nível de gênero e espécie com antibiograma padronizado pelo documento anual da CSLI (um padrão internacional para os laboratórios). Isso é uma rotina para todas as bactérias e não somente a KPC. Uma vez identificada a bactéria no antibiograma com presença de resistência, a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar toma os procedimentos necessários”, detalha Luiza Maciel.
Ela tranquiliza a população ao explicar que no caso da KPC o monitoramento já é feito há mais de um ano dentro do hospital. “Ainda não foi detectada no HCL e estamos controlando. Existem outras bactérias que são monitoradas. Em todos os casos, tomamos certas precauções e a CCIH age prontamente”, afirma.
Soneli conta que há um perfil geral com histórico das bactérias que já foram encontradas no hospital. Dentro disso, o trabalho é integrado com a CCIH para tomar as atitudes necessárias sempre que preciso para evitar quaisquer problemas relacionados a infecção hospitalar. “Tanto no tratamento, quando isolamento do paciente, bem como a desinfecção do local. Esse trabalho é feito há bastante tempo e já existe essa preocupação. Há o controle também para evitar a disseminação de bactérias”, explica a bioquímica Soneli Marinho.
Rotinas de prevenção e controle, como a disponibilização de álcool em gel, uso de descartáveis, lavagem das mãos, são comuns no Hospital César Leite. “O álcool foi recomendado agora pela ANVISA, mas já é parte da rotina do hospital”, afirma Soneli.
A bioquímica Luiza Maciel destaca que a direção do HCL investe no setor de microbiologia. “Isso é um investimento alto e que representa um alto custo para o hospital, contudo o benefício é muito maior. Uma vez identificado a bactéria, o tratamento é mais adequado com o determinado antibiótico que é mais sensível a ela. O paciente se recupera mais rápido, pode deixar o ambiente hospitalar mais rapidamente e, dessa forma, se protege toda a comunidade”, salienta.
Assessoria de Imprensa do Hospital César Leite
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