Após 70 anos, Hotel Natalino sai de cena

Nesta segunda-feira (09), após servir como porta de entrada da cidade de Raul Soares por mais de 70 anos, sai de cena para aposentar-se em definitivo, o Hotel Natalino.

Negociado pela proprietária, D. Ecy Bondi, o prédio foi adquirido pelo Banco Cooperativo Crediras, do Sistema Siscoob, e deverá ser demolido para dar lugar à construção da futura agência do Banco.

Construído na década de 40 pelo comerciante José Natalino dos Passos, o Hotel Natalino preservou o nome de seu fundador, apesar de já ter passado pelas mãos dos empresários João Teles, Paulino Faria, Ângelo Alves, Agripino Bondi e, por último, Sebastião Colares de Oliveira, mais conhecido pelos amigos por “Véio Colate”, e sua esposa, D. Terezinha. Os dois, assumiram o controle do Hotel em 1994, imprimindo aquele toque familiar que tanto cativou os hóspedes, além de amigos que sempre os visitavam para tomar aquele cafezinho com biscoito de polvilho.

Ocupando um local privilegiado na Praça Dr. Durval Grossi, no centro da cidade, o Hotel possuia 35 quartos e 10 apartamentos de vários tamanhos, com possibilidade de hospedagem para até 100 pessoas.

O Hotel, apesar de modesto, já foi palco de grandes acontecimentos e reuniões importantes no município. Já acolheu vários políticos importantes e personalidades famosas na década de 60, como os artistas Cauby Peixoto, Bievenido Granda, Gregorio Barrios, entre outros, deixando um lastro de acontecimentos memoráveis na história da cidade.

Com a saída de cena do Hotel, a cidade perde mais um ponto de referência e um local de encontro, como acontecia também na época da  Barbearia do Zeca e Sebastião, ao lado do Hotel, onde as pessoas se encontravam para um bate papo descompromissado, enquanto fazia a barba ou jogava uma partida de damas.
 
A morte do Hotel Natalino é tida por alguns mais saudosistas, como um crime cometido contra o Patrimônio Histórico. É o preço, de certa forma caro, que se paga para uma mudança necessária para um suposto progresso. Certo ou não, melhor acostumar-se quem vive em regime capitalista, onde o dinheiro sempre falou mais alto.

Vai-se o Hotel, ficam as lembranças inesquecíveis de um ambiente cercado de companheirismo e grandes amizades, que ficarão guardadas para sempre no coração de quem as viveu.

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