quinta-feira, 12 de novembro de 2009
Estudantes vêm ao Brasil mostrar real situação da Venezuela
A situação política na Venezuela não é aquela que é apresentada pela oposição e a mídia. Uma comitiva de líderes estudantis esteve em visita ao Brasil para manifestar, junto aos parlamentares e aos líderes estudantis brasileiros, que apoiam Hugo Chavéz porque o governo bolivariano aumentou o número de escolas em todos os níveis, tornou as escolas mais inclusivas para afrodescendentes e transformou a educação em um instrumento para o desenvolvimento.
Os três estudantes (à esquerda) explicam porque apoiam o governo bolivariano
Pela manhã, eles estiveram na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados e, à tarde, na Embaixada da Venezuela, eles se reuniram com o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas. Os estudantes de três universidades de estados diferentes - Julio Moncada, Kathiana Hernandez e Domiciano Graterol têm, em comum, a participação no movimento estudantil e o apoio ao governo Chavez
Eles destacam que os recursos destinados à educação cultura e esporte aumentaram de 3% do orçamento da União para 21% atuais, desde o início do governo bolivariano.
Falando em nome do movimento estudantil e dos movimentos sociais como um todo, os lideres estudantis disseram que a viagem ao Brasil tem como objetivo divulgar a posição real da situação política no país – “outra versão e outra voz”, destacam porque a mídia brasileira e venezuelana abordam as ações do governo de Hugo Chavez de modo unilateral.
O conselheiro da Embaixada da Venezuela no Brasil, Nelson Gonzalez Leal, que acompanhou os estudantes na visita à Câmara, usou o exemplo da não renovação da concessão do canal de TV RCTV. Não houve cassação, o que aconteceu foi a não renovação da concessão, segundo eles, após um longo processo de avaliação, conduzido legalmente, em que foi constada a desobediência de uma série de normas de concessão.
Além da desobediência das normas, a cobertura dos fatos pelo canal de TV venezuelano apresentava situações aberrantes, como a que ocorreu durante a visita de um Presidente de um país africano à Venezuela, em que a matéria noticiada mostrava os dois chefes de estado como “o ditador e o macaco”.
Notícias desvirtuadas
Após a recepção da comitiva pelos deputados Pedro Wilson (PT-GO), vice-presidente da comissão, e Geraldo Thadeu (PPS-MG), da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento do Mercosul (Parlasul), os estudantes conversaram com o secretário executivo da Comissão de Direitos Humanos, Márcio Araújo.
Araújo perguntou aos estudantes se as recentes declarações do Presidente Chavéz sobre a necessidade do país se preparar para guerra com a Colômbia não produzem propaganda negativa para o País e dificultariam a aprovação do ingresso da Venezuela no Mercosul pelo Senado. Os estudantes afirmam que também essas declarações foram desvirtualizadas.
Eles explicaram que Chavéz não fez uma ameaça, mas uma advertência, em função das notícias dando conta de que não eram quatro, mas sete bases militares dos Estados Unidos instaladas na Colômbia, país vizinho à Venezuela. “Era uma advertência de que o povo deve estar preparado para eventual agressão, e não uma ameaça”, explicaram.
Eles destacaram ainda o caso dos dois militares do Departamento Administrativo de Segurança da Colômbia que foram presos dentro do território venezuelano, o que demonstram o risco de agressão do país vizinho.
Márcio Araújo destacou que a Venezuela é um dos país de fronteira com o Brasil que apresenta menor números de denúncias de violação dos direitos humanos que chegam à Comissão. Ele disse aos estudantes venezuelanos que os casos mais frequentes são de exploração sexual das brasileiras no Peru, garimpeiros na Guiana e trabalhadores sem terra na Bolívia.
Semelhanças e diferenças
Com o presidente da UNE, a conversa dos estudantes venezuelanos foi centrada na organização estudantil, na situação política dos dois países e como os estudantes tem interagido com esses governos. Em comum, eles têm o interesse de promover mudanças no ensino superior que garantam o acesso à universidade, para que possa estar mais próxima da maioria da sociedade.
As diferenças entre os estudantes dos dois países residem na organização. Augusto Chagas destacou que no Brasil existe uma tradição de unicidade da entidade que consegue congregar todas as opinião. Na Venezuela, os estudantes se reúnem em várias federações e apresentam dificuldades para articulação nacional e unificada.
Os três estudantes venezuelanos, lideranças de regiões e instituições diferentes, avaliam, igualmente com Augusto Chagas, que ambos os governos – do Brasil e da Venezuela – possuem muitas semelhanças, eles fazem parte de um momento de avanço democrático e de consolidação de um projeto popular no continente sul-americano.
Fonte: Márcia Xavier / Portal Vermelho
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