Visitas ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Barroso, ao Instituto Mineiro de Desenvolvimento Integrado (Indi), ao Ministério do Trabalho e ao escritório regional da Klabin em Betim. Esses foram os encaminhamentos resultantes da audiência pública que a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou em Ponte Nova nesta quinta-feira (6/8/09). Os requerimentos, dos deputados Padre João (PT) e Carlos Gomes (PT), deverão ser aprovados na próxima reunião da comissão. O objetivo da audiência, requerida por Padre João, foi o de buscar soluções para o problema gerado pela demissão de 260 trabalhadores da fábrica de papel reciclado da Klabin no município, fechada em março deste ano. Do total de funcionários, 118 eram contratados diretos e os demais, terceirizados.
O diretor de Patrimônio da Associação Comercial e Industrial de Ponte Nova, Adão Adilson Bombassaro, resumiu três alternativas que considera viáveis para resolver a questão. Segundo Adilson, a Klabin já admitiu que poderia vender sua unidade para empresas interessadas, apesar de ele avaliar que a empresa só negociaria com pequenos concorrentes. Por isso, achou importante a participação do Indi na identificação de possíveis interessados.
Outra possibilidade aventada foi a formação de uma cooperativa de trabalhadores, opção bastante complexa, na avaliação do dirigente. Adilson explicou que a unidade de Ponte Nova só fabrica o papel reciclado para produzir caixas, e não haveria mercado para toda essa produção. Isso porque, de acordo com ele, geralmente as empresas que produzem caixas desse material também fabricam o próprio papel. Para sanar essa dificuldade, uma solução seria a remodelação da fábrica para produzir outros tipos de papel, como os higiênicos, cartões e outros. Mas essa mudança demandaria novos investimentos, da ordem de R$ 15 milhões, no mínimo, segundo o representante da associação, e isso só seria possível com a entrada de novos investidores.
A última possibilidade, considerada muito remota por Adão Bombassaro, seria a própria Klabin retomar as atividades em Ponte Nova. Ele explicou que quando a empresa resolveu fechar a unidade, em 2008, o crescimento do País era de 5% ao ano. "Agora, com a crise, tão cedo não vamos conseguir recuperar esse nível de crescimento", lamentou.
Desemprego - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Papel, Papelão e Cortiça de Ponte Nova, Américo Gomes Evangelista, disse que foi criada uma comissão executiva para estudar formas de viabilizar o retorno da fabricação do papel. Ele disse que muitos dos desempregados da Klabin já estão recebendo a última parcela do seguro-desemprego, o que vai complicar a situação social do município após esse pagamento. Afirmou ainda que, em reuniões com a comissão, a empresa assumiu o compromisso de não retirar o equipamento da fabrica até 31 de dezembro deste ano. Américo reclamou da ausência de um representante da Klabin na audiência, apesar de a empresa ter enviado uma pessoa apenas para acompanhar o encontro.
Três grandes empresas fecharam unidades na região
Também lamentando a ausência do representante oficial da empresa, e ainda do Governo do Estado e da prefeitura, o deputado Padre João destacou que a região vem sofrendo vários golpes com a crise internacional. "Primeiro, fecharam em Raul Soares a Tarza, fábrica de enxadas distribuídas em todo o País e até no exterior. Depois, foi a vez da unidade da Cotochés em Rio Casca. E agora fecham a Klabin", afirmou.
Padre João enfatizou a importância do trabalho da Klabin, ao mesmo tempo em que lamentou o fechamento da unidade local. "Esse trabalho com reciclagem de papel é um serviço ambiental para Ponte Nova e para o planeta. A Klabin é uma grande empresa, com várias unidades no País e até na Argentina, e tem vitalidade para manter esta filial aqui na cidade". Por outro lado, ele defendeu que, caso a empresa realmente não queira continuar, os trabalhadores devem se organizar em cooperativas para promover a auto-gestão da unidade. "Segundo o Ministério do Trabalho, muitas empresas estão sendo assumidas por cooperativas de trabalhadores. Só em 2006, o órgão investiu mais de R$ 1 bilhão na recuperação de empresas por meio da auto-gestão", animou-se.
O deputado Carlos Gomes considerou falta de respeito a ausência na reunião de um representante formal de uma empresa do porte da Klabin. De acordo com ele, a empresa é líder de reciclagem de papéis na América do Sul. São 17 unidades industrial no Brasil e uma na Argentina, 224 mil hectares de florestas plantadas, 187 mil hectares de florestas nativas. "A Klabin gera quantidade significativa de empregos no País e tem importância fundamental para Ponte Nova", considerou. Gomes sugeriu a criação de uma comissão para fazer as visitas às autoridades e à empresa, com representantes da ALMG, sindicato, prefeitura e Câmara Municipal.
Já o presidente da Câmara Municipal de Ponte Nova, vereador José Mauro Raimundi, falou das consequências graves do fechamento da Klabin na cidade: desemprego e queda na arrecadação de impostos, o que afeta diretamente a economia do município.
Presenças - Deputados Padre João (PT) e Carlos Gomes (PT).
Fonte : Portal Rio Casca Online, com informações do Boletim da Assembléia Legislativa de MG
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