sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Deputados vão intermediar reabertura da Klabin em Ponte Nova

Visitas ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Sérgio Barroso, ao Instituto Mineiro de Desenvolvimento Integrado (Indi), ao Ministério do Trabalho e ao escritório regional da Klabin em Betim. Esses foram os encaminhamentos resultantes da audiência pública que a Comissão do Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembleia Legislativa de Minas Gerais realizou em Ponte Nova nesta quinta-feira (6/8/09). Os requerimentos, dos deputados Padre João (PT) e Carlos Gomes (PT), deverão ser aprovados na próxima reunião da comissão. O objetivo da audiência, requerida por Padre João, foi o de buscar soluções para o problema gerado pela demissão de 260 trabalhadores da fábrica de papel reciclado da Klabin no município, fechada em março deste ano. Do total de funcionários, 118 eram contratados diretos e os demais, terceirizados.

O diretor de Patrimônio da Associação Comercial e Industrial de Ponte Nova, Adão Adilson Bombassaro, resumiu três alternativas que considera viáveis para resolver a questão. Segundo Adilson, a Klabin já admitiu que poderia vender sua unidade para empresas interessadas, apesar de ele avaliar que a empresa só negociaria com pequenos concorrentes. Por isso, achou importante a participação do Indi na identificação de possíveis interessados.

Outra possibilidade aventada foi a formação de uma cooperativa de trabalhadores, opção bastante complexa, na avaliação do dirigente. Adilson explicou que a unidade de Ponte Nova só fabrica o papel reciclado para produzir caixas, e não haveria mercado para toda essa produção. Isso porque, de acordo com ele, geralmente as empresas que produzem caixas desse material também fabricam o próprio papel. Para sanar essa dificuldade, uma solução seria a remodelação da fábrica para produzir outros tipos de papel, como os higiênicos, cartões e outros. Mas essa mudança demandaria novos investimentos, da ordem de R$ 15 milhões, no mínimo, segundo o representante da associação, e isso só seria possível com a entrada de novos investidores.

A última possibilidade, considerada muito remota por Adão Bombassaro, seria a própria Klabin retomar as atividades em Ponte Nova. Ele explicou que quando a empresa resolveu fechar a unidade, em 2008, o crescimento do País era de 5% ao ano. "Agora, com a crise, tão cedo não vamos conseguir recuperar esse nível de crescimento", lamentou.

Desemprego - O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Papel, Papelão e Cortiça de Ponte Nova, Américo Gomes Evangelista, disse que foi criada uma comissão executiva para estudar formas de viabilizar o retorno da fabricação do papel. Ele disse que muitos dos desempregados da Klabin já estão recebendo a última parcela do seguro-desemprego, o que vai complicar a situação social do município após esse pagamento. Afirmou ainda que, em reuniões com a comissão, a empresa assumiu o compromisso de não retirar o equipamento da fabrica até 31 de dezembro deste ano. Américo reclamou da ausência de um representante da Klabin na audiência, apesar de a empresa ter enviado uma pessoa apenas para acompanhar o encontro.

Três grandes empresas fecharam unidades na região

Também lamentando a ausência do representante oficial da empresa, e ainda do Governo do Estado e da prefeitura, o deputado Padre João destacou que a região vem sofrendo vários golpes com a crise internacional. "Primeiro, fecharam em Raul Soares a Tarza, fábrica de enxadas distribuídas em todo o País e até no exterior. Depois, foi a vez da unidade da Cotochés em Rio Casca. E agora fecham a Klabin", afirmou.

Padre João enfatizou a importância do trabalho da Klabin, ao mesmo tempo em que lamentou o fechamento da unidade local. "Esse trabalho com reciclagem de papel é um serviço ambiental para Ponte Nova e para o planeta. A Klabin é uma grande empresa, com várias unidades no País e até na Argentina, e tem vitalidade para manter esta filial aqui na cidade". Por outro lado, ele defendeu que, caso a empresa realmente não queira continuar, os trabalhadores devem se organizar em cooperativas para promover a auto-gestão da unidade. "Segundo o Ministério do Trabalho, muitas empresas estão sendo assumidas por cooperativas de trabalhadores. Só em 2006, o órgão investiu mais de R$ 1 bilhão na recuperação de empresas por meio da auto-gestão", animou-se.

O deputado Carlos Gomes considerou falta de respeito a ausência na reunião de um representante formal de uma empresa do porte da Klabin. De acordo com ele, a empresa é líder de reciclagem de papéis na América do Sul. São 17 unidades industrial no Brasil e uma na Argentina, 224 mil hectares de florestas plantadas, 187 mil hectares de florestas nativas. "A Klabin gera quantidade significativa de empregos no País e tem importância fundamental para Ponte Nova", considerou. Gomes sugeriu a criação de uma comissão para fazer as visitas às autoridades e à empresa, com representantes da ALMG, sindicato, prefeitura e Câmara Municipal.

Já o presidente da Câmara Municipal de Ponte Nova, vereador José Mauro Raimundi, falou das consequências graves do fechamento da Klabin na cidade: desemprego e queda na arrecadação de impostos, o que afeta diretamente a economia do município.

Presenças - Deputados Padre João (PT) e Carlos Gomes (PT).

Fonte : Portal Rio Casca Online, com informações do Boletim da Assembléia Legislativa de MG

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