domingo, 23 de novembro de 2008

A história da Industrial São Sebastião - Fábrica de enxadas TARZA

Para arrefecer um pouco alguns ânimos, exaltados devido à polêmica gerada em virtude da realização do leilão de parte do patrimônio da TARZA, resolvemos voltar no tempo e mostrar um pouco da história dessa empresa, contada pelo historiador José Geraldo Leal, em postagem no seu blog "Fragmentos da História de Raul Soares", em 06 de janeiro de 2008.

Fábrica de enxadas TARZA

"No inicio da década de 40 do século passado com o mundo tomado pelos horrores de uma guerra sangrenta, resultado da ambição de um tirano, o jovem mecânico Césare Augusto Tartaglia com o apoio do empresário José Raymundo Nogueira de Souza, o Juquinha do Cocho, criou em Raul Soares uma fábrica de enxadas para suprir a demanda existente ante a escassez do produto em decorrência do envolvimento da Inglaterra, principal fornecedor do produto para o Brasil, no conflito mundial. Juquinha do Cocho, como Césare, era chefe de uma família numerosa. Pai de Wiron Francisco de Souza Xavier que algumas décadas após se tornaria prefeito de Raul Soares (1989/1992), o maior prefeito de todos os tempos assim considerado quase que á unanimidade.
Césare e Juquinha constituíram a firma Tartaglia & Souza adotando a marca TARZA sendo TAR de TAR-taglia e ZA de Sou-ZA.
Vítima de choque anafilático Juquinha faleceu em 1945. Ante a impossibilidade de continuidade da firma Tartaglia & Souza por serem de menoridade todos os filhos de Juquinha, o inquieto e progressista mecânico Césare formou um novo grupo de cidadãos que acreditaram no seu projeto e tinham em alta conta o progresso de Raul Soares: Dr. Armando Sodré, Dr. Gerardo Grossi, Luiz Grossi, Chafith Sad, José Sinfrônio de Castro e Bernardino Aladino Caldas. Surgiu, então, em abril de 1946, a Industrial São Sebastião Ltda. sob a direção do Dr. Armando Sodré, presidente, e Césare Augusto Tartaglia, gerente.
No ano de 1949, a sociedade foi alterada para sociedade anônima, para ampliação da fábrica. Passou, então, a contar com empresários de sucesso em Raul Soares, dentre estes: Fernando Gomes Valle e Jayme Peixoto. Na direção continuaram o Dr. Armando Sodré e Césare Augusto Tartaglia.
Decidindo retirar-se da sociedade o empresário Fernando Gomes Valle que estendia os seus negócios para grandes praças do país - Rio de Janeiro e Belo Horizonte - transferiu o controle acionário da empresa, que passara a ter ante a sua admissão no quadro social em 1949 e sucessivas compras feitas a outros acionistas, para o também empresário Jayme Peixoto.
No período de 1946 a 1953 a responsabilidade contábil e a assessoria administrativa ficou a cargo de dois profissionais de valor, Luiz Pimentel e Antonio Queiroz.
Na década de 50 assumiu a presidência da Industrial São Sebastião S/A o acionista Jayme Peixoto, um empresário de muito tirocínio e um cidadão de fino trato, um gentleman.
A convite de Jayme Peixoto o escriba assumiu a responsabilidade da chefia do escritório da empresa.
Na gestão de Jayme Peixoto a Industrial São Sebastião S/A progrediu muito e apresentou excelentes resultados.
A preocupação com o social motivou a inserção nos estatutos sociais de um artigo possibilitando aos empregados a participação nos lucros sociais, o chamado e ansiado 6%, pago aos empregados dentro dos primeiros quatro meses do ano, após aprovação do balanço pelos acionistas reunidos em assembléia geral ordinária. Em caráter pioneiro na região, e talvez no país dentre as empresas de porte médio e de capital fechado, a empresa incluiu em seus estatutos a participação de seus empregados no lucro da empresa.
Antecedeu, também, á Lei n.º 4.090, de 13 de julho de 1962, que instituiu a gratificação de Natal publicada no D.O.U. de 26.07.62, ao pagar em um ano em que os lucros foram considerados excelentes, além da participação nos lucros, uma gratificação natalina; estipulando valor idêntico para cada empregado, independentemente do valor de seu estipêndio mensal.
A Industrial São Sebastião S/A era realmente uma família.
Nem a ação deletéria de uma pseuda liderança ligada a sindicato ferroviário, de inclinação nitidamente comunista, mexeu com a sua estrutura.
Neste período a empresa não foi convocada aos tribunais trabalhistas ou fiscais, em nenhum momento, para responder por quaisquer infrações.
Em 1978, os acionistas majoritários deliberaram transferir o controle acionário da empresa, assumindo-o o grupo Pereira, Martins & Cia. Ltda., de Coronel Fabriciano. A experiência empresarial dos novos controladores aliada ao seu poderio economico-financeiro ensejou um grande progresso á empresa. A ação inconseqüente de alguns fez com quê arrefecesse o entusiasmo dos novos controladores motivando a venda da empresa para um grupo inglês, fabricantes dos afamados produtos de marca Tupy, Duas Caras e Jacaré.
Os ingleses, certamente levados por análises de mercado e suas conjunturas, decidiram sair do mercado, vendendo para outrem, boa parte da maquinaria que havia sido incorporada á Industrial São Sebastião S/A, no período de controle do grupo Pereira Martins, que haviam sido adquiridos em Nova Era, em licitação judicial dos bens de uma empresa siderúrgica falida, e no Rio Grande do Sul, de uma empresa que decidiu se afastar do ramo industrial de ferramentas agrícolas.
Pela sua tradição no mercado brasileiro e acomodadas as situações de desconforto em que se viu envolvida a Industrial São Sebastião S/A, fruto de alguns momentos de desvario e de férias coletivas da razão, dias melhores certamente marcarão o futuro desta empresa tão querida e admirada pelos raul-soarenses."

12 comentários:

  1. O que ele quer dizer com:" fruto de alguns momentos de desvario e de férias coletivas da razão"?
    Vocês devem lembrar que a 8 anos atrás, ela já estava de portas fechadas qdo O Américo em um ato de desespero e saudosismo resolveu assumí-la. Pensou que poderia salvá-la. Mas os mesmos que o instigaram a sauvá-la foram os primeiros a pressioná-lo exaustivamente durante todo esse tempo. Qdo viram que não seria mais possível suportar, começaram as calúnias e mentiras dos invejosos e trapaceiros que só querem "levar vantagem em tudo". O Américo deveria abrir a bôca até no canto e entregar um por um desses militantes de meia tigela. Se fosse o avô dele já teria entregado um por uma ai nesse jornal da internet. Na hora de não deixar fechar todos deram força, agora é que eu quero ver o poder desses bebum. Américo meu fi, não se avexe não você foi um vencedor em conseguir ficar por 8 anos nessa luta. E saiba que lutar contra esse doido do lado contra é falta de juizo. Pula fora, porque ele vai sair por cima, tenha certeza disso. Ele tem super poderes. Você é novo e inteligente não estrague sua saúde em "disputa de soma zero". Escute o que estou lhe aconselhando, sai fora porque é rabo. O hôme é DOIDO!

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  2. Pascoal, acertada sua publicação acerca dos problemas da Industrial São Sebastião - TARZA - Todos nós raul-soarenses lamentamos a situação. Ninguém melhor que o Sr.José Leal para clarear a idéia de todos. Parabéns ao POL e também ao Sr.José Leal, grande pesquizador.
    Itagiba Lopes Filho

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  3. Os verdadeiros vilões são antigos e vivem hoje com a "vida bem arranjada"!

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  4. Pascoal será o que, que o prefeito, Japonês e Cirinho foram fazer em Brasília hoje? Conta pra nós...

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  5. Esperamos que a nossa querida indústria TARZA encontre novamente os caminhos da sanidade patrimonial, e possa conceder empregos e lucros como antes.
    Grato!
    Paz e Bem!
    Rodrigo Antonio Chaves da Silva

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    1. O que acabou não só com a Tarza mas com as cidades de Raul Soares, SÃO PEDRO DOS FERROS, RIO CASCA, foi o comunista Jucelino Kubitscheker quando acabou com a ferrovia, e colocou a rodovia que é um atraso para qualquer País.

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  6. Bota maluco nisto não acredito que este blog deixa pessoas ficarem puxando o saco de uns aqui e outros ali, pessoas tem nome e o sindicato dos metalurgicos foi constituido e passou a revindicar além do normal, sei que o grupo do Sr. Sávio se mandou daí por causa disto; ou seja produzir com um monte de sindicalistas aí dentro ficou inviável, compravam sucatas e transformavam em enxadas, pás etc só que o a ganancia de alguns acabou com 100 empregos em Raul Soares que agora não tem nada, sinto falta do apito da Tarza ao meio dia e de seus funcionários, aonde esta o poder Municipal que não toma iniciativas.

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  7. Quando criança, eu fui ao cinema com o meu pai, onde passaria uma série do tarzam, com Jonny Weismuller. O papai foi conversando com um senhor que pretendia modernizar a fábrica que tinha para suas enxadas calçadas (acredito que uma raridade hoje). Isto porque o papai era gerente do Banco Hipotecário, que iria financiar a compra do equipamento. O nome da enxada seria por isto Tarzam, que sugeria ser forte. O papai questionou que tarzam é masculino, e não ficaria bem. Depois ele comunicou ao papai que tinha escolhido "Tarza", que somente agora fiquei sabendo da história da Tarza, no bog do seu jornal.
    Sou descendente de Anna Márcia de Lanna, sobrinha de Domingos e Cassemiro de Lanna, que se casou com meu triavô, José Quirino Spinola e Castro. Do filho caçula deles, nasceu meu bisavô, Pedro Ivo Spinola e Castro, que voltou a Araponga, terra dos Lanna, para se casar com sua prima Amélia de Lanna, minha bisavó, quem meus pais conheceram.
    Tenho um irmão enterrado em Raul Soares, Valdo Eugênio Spinola de Castro, morto em 31/12/1945. Tem a única sepultura desalinhada das outras no cemitério da cidade.
    Acredito, que dos meus amigos só esteja vivo o Nicolau Simas, porque o Janu, soube que faleceu no ano passado.
    Quanta saudade tenho desta cidade!
    Carlos Eugênio Spinola de Castro.
    carlos_spinola@yahoo.com.br

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    1. Olá Carlos. Por acaso seu trisavo quirino teve uma filha Anna cândida casada com tobias martiniano de moura? Obrigada virginia

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  8. Caro Carlos Eugênio,
    É um prazer ter a sua participação nos comentários do Blog. Conheci e mantive amizade por um bom tempo com esses dois amigos que você citou; Nicolau Simas (Nicolauzinho) e Janú, este último, chegamos a trabalhar juntos na Industrial São Sebastião (TARZA) e, posteriormente, no Bando do Brasil. Infelizmente, faleceu há pouco tempo, em Goiânia, onde residia. O Nicolau Simas mudou-se e, se não estou enganado, reside atualmente em Juiz de Fora. Há um bom tempo não aparece por aqui.
    Apareça por aqui. Provavelmente você ainda encontrará alguns amigos. Qualquer coisa, estarei à sua disposição para auxiliá-lo nessa busca.
    Um grande abraço.

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  9. Olá gostsgos de falar com o autor do texto

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  10. ola , com suas informações descobri um pouco sobre a historia da minha família ,sou da família do juca

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