terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Personagens do dia-a-dia

Pedro Pereira da Silva, 64 anos, profissão: varredor de rua. Às 3h da madrugada Pedro já está a postos, iniciando a sua varredura que só termina às 11 h. De estatura baixa e franzino, Pedro não se intimida ante a idade. Já faz 20 anos que vivo nesta vida e trabalho como varredor de rua porque gosto, comenta. Disse que sente a maior satisfação quando olha e vê seu trabalho realizado, pois trabalha por amor. Em suas vivências, encontra pessoas de todo tipo e uns até dizem que trabalha muito porque está “adulando” o prefeito. Mas ele não se incomoda com as críticas e continua, pois encara seu trabalho com muita seriedade. Ano que vem, completa 65 anos e vai ter que se aposentar. Mas disse que não está nada satisfeito. Se pudesse, continuaria trabalhando.
A correria dos últimos tempos nos transformou em seres insensíveis a muitas coisas. Lemos muito, mas não absorvemos quase nada, por causa da avalanche de informações que pipocam no dia-a-dia; comemos com pressa sem saborear o alimento e, muitas vezes, nem lembramos o que comemos no almoço; presenciamos tragédias e não mais nos abalamos, pela banalidade que os noticiários fizeram delas. Convivemos com muitos seres humanos e, na maioria das vezes, ignoramos a sua presença, apesar de estar junto deles o dia inteiro. Hoje, descobrimos o Pedro. Trabalhador e cumpridor de seus deveres. Está todo dia na nossa porta e nunca notamos. Hoje ele foi descoberto. Fica, então, Pedro, registrada aqui esta homenagem a você que, neste momento, representa todos esses nossos amigos anônimos e invisíveis aos nossos olhos, mas, certamente, registrados no coração do Criador. Não nos orgulhemos tanto de nossos talentos. No final das contas, não somos tanto assim. Ou melhor, somos todos um só, a expressão máxima da criação Divina neste mundo material.

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