sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Capitalismo: Êxito ou fracasso

Nelio Azevedo

 

 

Por Nélio Azevedo

No texto do Maílson da Nóbrega (Veja 10/07/2013) ele faz uma ode ao capitalismo em que compara suas ideias com as do Frei Beto, um crítico mordaz do mesmo.

Ele, o Maílson, glamourisa os termos competição e concorrências como se as mesmas não fossem essa realidade que conhecemos e, que é fruto da ganância que por sua vez é mãe da acumulação e do enriquecimento baseado na exploração.

Cita o fim do socialismo como uma vitória do capitalismo e que seria a vitória de um terço da população mundial sobre os outros dois terços; fala também que ninguém fala do fracasso do capitalismo para os outros dois terços da humanidade.

Ele deveria se lembrar que esse um terço mais rico é justamente quem domina os meios de comunicação em nível mundial e que esses dois terços fracassados não têm voz.

Diz que o capitalismo sempre existiu desde a antiguidade, mas porque será que ele não teve uma continuidade nos países como a Índia, China, Babilônia e Egito? Isto ele não explica.

A Revolução Gloriosa e a Revolução Industrial ocorreram em momentos em que essa prática econômica estava se desenhando na Inglaterra do século XVII e sua evolução se deu com o nascimento e o crescimento de instituições e leis que lhe garantiriam a perenização e refinamento.

Só que ele, o Maílson, se esquece que a expansão do capitalismo no mundo novo se deu de forma adversa, imposta aos países recém formados e transformados em pobres colônias onde os ricos países capitalistas europeus os tinham privado de suas riquezas materiais e humanas num processo que durou mais de trezentos anos de exploração que resultou na construção da riqueza de que se vangloriam e usufruem hoje.

Quando Adam Smith fala da riqueza nas Nações ele está falando das nações europeias construídas com a subtração das riquezas de suas colônias americanas.

As empresas e instituições que lidam com os excessos do capitalismo são as mesmas que hoje buscam a mão-de-obra barata mundo afora para se sustentar e enfrentar a sanha do pseudo-capitalismo dos chineses. Fala do meio bilhão de chineses que saíram da pobreza com o atual sistema, mas, não fala de qual sistema os jogou na miséria.

Não penso que o comunismo seja a solução para o mundo, mas a socialdemocracia bem que poderia ser o contraponto ao capitalismo e esse neoliberalismo que domina o mundo e, que não tenhamos que contar sempre com a presença dos 10% de pobres que o sistema cria e não atende inteiramente os outros 90%; que deles somente uma ínfima parte, (1%) é que teriam direito à riqueza extrema.

Ele dedica somente umas poucas linhas ao insucesso e fala “de leve” nas crises financeiras que transformam os menos pobres em pobres; os pobres em miseráveis e os milionários em bilionários.

Dizer que a pobreza se concentra nos países como Cuba e Coreia do Norte, e se esquece do continente africano e dos países das Américas Central e do Sul onde a pobreza sempre foi companheira e o caminho, não só para 10% da população, mas para quase todos os habitantes.

O que o Frei Beto quis dizer que não acha justo que uns poucos concentrem quase toda riqueza do mundo em suas mãos em detrimento da imensa maioria da população mundial, o capitalismo pode ser muito eficiente na produção de riquezas, mas produz miséria e pobreza, se tornando um instrumento da injusta divisão dos bens que conferem dignidade aos seres humanos.

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