sábado, 12 de outubro de 2013

A lama não pode flutuar para sempre

osho111013

A meditação é um estado de clareza e não um estado da mente.

A mente é confusa, nunca está clara. Não pode estar. Os pensamentos criam nuvens a seu redor, nuvens sutis. Uma névoa é criada por eles e a clareza se perde.

Quando os pensamen­tos desaparecem, quando não há mais nuvens a seu redor, quando você está apenas sendo você mesmo, a clareza advém. Então é possível ver bem longe. É possível enxergar até o fim da existência, e seu olhar se torna penetrante, indo ao centro do ser.

A meditação é essa clareza absoluta da visão. Não é possível pensar sobre ela. Você deve parar de pensar.
Quando digo “parar de pensar”, não tire conclusões apressadas, pois tenho que usar este idioma para me expressar. Eu digo “pare de pensar”, mas, se você fizer um esforço no sentido de parar, estará no caminho errado, pois terá mais uma vez reduzido a meditação a uma ação.

“Pare de pensar” significa apenas: não faça nada. Sente-se. Deixe que os pensamentos se acomodem. Deixe que a mente pare por conta própria. Apenas sente-se olhando para a parede, em um canto silencioso, sem fazer nada. Relaxado. Solto. Sem esforço. Sem ir a lugar nenhum.

Como se você estivesse dormindo acordado - você está acordado e está relaxando, mas todo o seu corpo está caindo no sono. Você permanece alerta por dentro, mas todo o corpo se move para um relaxamento profundo.

Os pensamentos se acomodam sozinhos. Se você vê que a água de um riacho está lamacenta, o que faz? Pula dentro do riacho para tentar ajudar a água a ficar límpida? Você irá apenas gerar mais lama. Sente-se na margem, então.

Espere, pois não há nada a ser feito. Se alguém cruzou o riacho e as folhas caídas vieram à superfície com a lama, é preciso ter paciência. Observe, indiferente. O riacho continuará fluindo, as folhas serão levadas pela corrente e a lama irá depositar-se, pois não pode flutuar para sempre.
Após algum tempo, você irá perceber que a água está límpida novamente.

Sempre que um desejo cruza sua mente, o riacho fica lamacento. Então sente-se, sem fazer nada.

No Japão, este “sentar sem fazer nada” é chamado de zazen. Sente-se e, um dia, a me­ditação acontecerá. Você não a trará, ela virá a você. E quando vier, você irá reconhecê-la imediatamente.

Ela sempre esteve lá, mas você não estava olhando na direção adequada. O tesouro estava com você, mas você estava ocupado com outra coisa: pensamentos, desejos, mil outras coisas.

Não estava interessado na coisa mais importante: seu próprio ser.

Quando a energia entra - o que Buda chamou de parabvrutti, o retorno de sua energia à fonte -, subitamente a clareza é atingida. Nesse momento você poderá ver nuvens a milhares de quilômetros, poderá ouvir a música antiga das árvores.
Nesse momento tudo estará a seu alcance.

Osho, em "Aprendendo a Silenciar a Mente"
Imagem por GerryT
Publicado no blog palavras de Osho
Pratique as meditações de Osho - conheça as técnicas e espaços Osho

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Todos os comentários são moderados e não serão aceitas mensagens consideradas inadequadas.