terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

‘Doença do beijo’ é silenciosa e muito comum no Carnaval

Vírus provoca reações semelhantes às da gripe, como febre e dores

imageQue beijo é uma delícia todo mundo sabe. Além disso, ele proporciona bem-estar, diminui o estresse e ainda garante mais disposição no dia a dia. Mas, nesta época de festa e folia, é também preciso ter atenção com a saúde, pois o que começa com essa carícia no meio da multidão pode virar uma doença silenciosa, a mononucleose, também conhecida como “doença do beijo”.

Gotículas de saliva soltas em conversas a uma distância menor que 1,5 m, tosses, espirros, objetos contaminados e até selinhos são suficientes para espalhar o vírus Epstein-Barr que, em geral, usa a boca como porta de entrada para contaminar homens e mulheres entre 15 e 25 anos.

O micro-organismo pertence à família do herpes e é um dos mais comuns em humanos, segundo o médico infectologista e professor de medicina na Faculdade Santa Marcelina (FASM-SP) Luiz Fernando Degrecci Relvas. “É um vírus que circula no mundo todo e com o qual as pessoas costumam ter um contato maior durante a infância e a adolescência”, afirma.

 Pela saliva

Mais de 90% da população adulta possui anticorpos contra o agente que provoca essa infecção, ou seja, na maioria das vezes, o sistema imunológico do beijoqueiro consegue combatê-lo, mas o vírus pode não ser erradicado do organismo, e em momentos de queda da imunidade, se manifestar. Após o primeiro contato, o corpo cria imunidade definitiva ao Epstein-Barr, diz o médico.

No entanto, o beijo envolve, em média, a troca de cerca de 250 organismos, e entre eles podem estar causadores de outras patologias também passadas pela saliva.

Sintomas. Uma vez ativo, o vírus da mononucleose pode ter um período de incubação longo no organismo, podendo levar de um mês a 45 dias para se manifestar. Os sintomas são bastante variados e se assemelham muito aos de gripe, faringite ou amigdalites.

“Febre, indisposição, mal-estar, dor muscular e nas articulações, dor de garganta, dor abdominal e aumento do baço e dos gânglios linfáticos no pescoço”, segundo Relvas. A confirmação do diagnóstico é clínico e comprovado por exames sorológicos, e o tratamento da doença geralmente é feito apenas para amenizar o desconforto provocado pelos sintomas, que desaparecem ao final de uma semana a 14 dias.

Porém, todo cuidado é pouco. Apesar de ser uma enfermidade caracteristicamente benigna, com baixo risco de complicações e mortalidade, o médico infectologista do Hapvida Saúde Alfredo Passalacqua diz que a doença pode evoluir para quadros mais graves.

“O vírus pode provocar alterações na esfera neurológica, como meningite e encefalite, além de inflamação no nervo ocular, síndrome de Guillain-Barré e anemia crônica. É um vírus potente, e existem doenças sob investigação que poderiam ser deflagradas por ele como: linfomas e leucemias”, diz.


Manter a imunidade em equilíbrio pode evitar contágio

Não existe vacina que possa prevenir a mononucleose, mas os médicos dão algumas dicas para evitar o contágio, pois, quanto maior a aglomeração de pessoas, mais a doença tende a ter um aumento, segundo o infectologista Alfredo Passalacqua.

“Evitar o excesso de beijos e preferir os blocos que desfilam em ambientes abertos é melhor do que ficar em ambientes fechados”, afirma.

Além de não exagerar na troca de parceiros, o professor da FASM-SP, Luiz Fernando Degrecci Relvas, acrescenta que é importante tentar manter a imunidade em equilíbrio. “Ingerir bastantes líquidos (sucos e água) em meio à ingestão de álcool, preferir alimentação leve e evitar a privação excessiva de sono e o compartilhamento de talheres e copos”, complementa.

Os médicos também alertam sobre a importância da prevenção de outras doenças, como as sexualmente transmissíveis (DSTs).

Com informações de Litza Mattos - Portal O Tempo

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